A força de paz da ONU no Líbano (Unifil) exigiu, neste domingo (13), "explicações" do Exército israelense por invadir uma de suas posições, depois que Israel pediu que a entidade retirasse seus capacetes azuis da fronteira, onde seus soldados travam combates ferozes com o Hezbollah.
A Unifil observou que dois tanques israelenses "destruíram o portão principal" e "entraram à força" em uma de suas posições perto da fronteira e permaneceram lá "por cerca de 45 minutos".
Também relatou que os disparos israelenses no local geraram uma "fumaça" que causou "irritações na pele e reações gastrointestinais em 15 capacetes azuis".
Pouco antes, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, instou o secretário-geral da ONU, António Guterres, a deixar "fora de perigo" as forças da Unifil, que na quinta-feira já tinham acusado o Exército israelense de disparos "repetidos" e "deliberados" contra suas instalações.
As Nações Unidas, com as quais Israel mantém péssimas relações, ergueram a voz no momento em que Israel intensifica os bombardeios no Líbano e trava um sangrento combate terrestre contra o Hezbollah.
Neste domingo, o papa Francisco pediu que a força da ONU seja "respeitada".
O movimento islamista pró-iraniano afirmou que seus milicianos lutam "com armas automáticas" e "foguetes" contra as forças israelenses em pelo menos quatro vilarejos que fazem fronteira com Israel.
O Hezbollah abriu uma frente na fronteira norte de Israel em 8 de outubro de 2023, em apoio aos seus aliados do Hamas, que na véspera lançaram uma incursão mortal no sul de Israel, dando origem à guerra em Gaza.
Israel intensificou a campanha militar contra a milícia pró-iraniana em 23 de setembro e uma semana depois iniciou incursões terrestres no Líbano.
Em um ano, mais de 2.100 pessoas morreram no Líbano no conflito entre o Hezbollah e Israel, cerca de 1.200 delas desde 23 de setembro, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais.
Segundo a ONU, há cerca de 700 mil pessoas deslocadas internamente.
Depois de mais de um ano de combates, Israel continua a sua ofensiva na Faixa de Gaza governada pelo Hamas. O Exército bombardeia principalmente a região de Jabaliya, no norte, onde acusa o Hamas de reorganizar as suas forças.
No seu ataque de 7 de outubro de 2023 em solo israelense, milicianos do Hamas mataram 1.206 pessoas, a maioria delas civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses e que inclui reféns mortos em cativeiro em Gaza.
Ao menos 42.227 palestinos, a maioria civis, morreram na ofensiva israelense no território até agora, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.
- Irã, pronto para uma "situação de guerra" -
O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, garantiu que seu país impedirá que os milicianos do Hezbollah retornem às posições de combate na fronteira, mesmo quando as tropas israelenses se retirarem do Líbano.
As autoridades israelenses afirmam que o objetivo da ofensiva é afastar a formação islamista das zonas fronteiriças e permitir o retorno de cerca de 60 mil israelenses deslocados pelo lançamento de foguetes do grupo xiita.
Tanto a guerra em Gaza como o conflito no Líbano foram acompanhados por uma escalada entre Israel e o Irã, que lançou quase 200 mísseis contra o seu arqui-inimigo em 1º de outubro.
Os líderes israelenses ameaçam retaliar o ataque, que a República Islâmica afirma ter sido uma resposta às mortes do chefe do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, e do chefe do Hamas, Ismail Haniyeh.
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, afirmou neste domingo, em Bagdá, que seu país está "totalmente preparado para uma situação de guerra", embora tenha reiterado que seu governo deseja "a paz".
Diante das ameaças do Irã, os Estados Unidos anunciaram a implantação de um sistema de defesa antimísseis de alta altitude THAAD em Israel.