A vice-presidente e candidata à presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, no primeiro dia da Convenção Nacional Democrata (DNC) em Chicago, em 19 de agosto de 2024
CHARLY TRIBALLEAU
A vice-presidente e candidata à presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, no primeiro dia da Convenção Nacional Democrata (DNC) em Chicago, em 19 de agosto de 2024
CHARLY TRIBALLEAU

A consagração de Kamala Harris como candidata democrata nesta quinta-feira (22) na convenção nacional do partido será o ápice de um mês único na história política dos Estados Unidos, que acabou redistribuindo as cartas da campanha presidencial.

No dia 21 de julho de 2024, às 13h46 pelo horário de Washington, o presidente Joe Biden anunciou, em uma carta publicada na rede social X, a desistência da disputa pela Casa Branca.

O presidente, de 81 anos, cedia assim à pressão de seus pares, que consideravam que sua candidatura a um segundo mandato era muito arriscada para o Partido Democrata, após um debate calamitoso contra o republicano Donald Trump levantar dúvidas sobre seu estado de saúde.

A notícia caiu como uma bomba e ofuscou o assunto do momento: a tentativa de assassinato contra Trump apenas uma semana antes.

Os democratas voltavam a dominar o debate público.

Às 14h13, uma nova mensagem de Biden anunciava apoio a Kamala Harris, sua vice-presidente de 59 anos, para ser a nova candidata.

"Hoje, quero oferecer todo meu apoio a Kamala para ser a candidata do nosso partido este ano", afirmou.

- Ao palco -

De Washington, Kamala Harris - que pode ser a primeira mulher a ocupar a presidência dos Estados Unidos - agradeceu a Biden por sua "liderança extraordinária" e afirmou que estava "honrada" por contar com seu apoio, após o "ato patriótico" de sua desistência.

Ela se comprometeu a fazer tudo ao seu alcance para "unir o Partido Democrata" e derrotar Trump em 5 de novembro.

Sua candidatura estava em andamento.

Em poucas horas, a ex-congressista da Califórnia conseguiu o apoio de governadores, senadores, ex-adversários, progressistas e moderados de seu partido, encerrando as dúvidas dos analistas políticos.

- "Quando lutamos, vencemos" -

Como fazer uma campanha de três meses contra um Donald Trump em ascensão?

Primeiro, manteve a mesma equipe de Joe Biden, os mesmos locais para eventos partidários e praticamente o mesmo logo de campanha.

Mas a mensagem mudou completamente.

Diante do ex-presidente republicano condenado pela justiça no final de maio, Harris ressaltou sua experiência como promotora e também sua idade, um ponto crucial para a desistência de Biden diante de um rival apenas três anos mais novo.

Os democratas arrecadaram 100 milhões de dólares (R$ 546,2 milhões) em doações de campanha em 48 horas.

Milhares de voluntários se inscreveram para ajudar na campanha democrata.

O entusiasmo foi refletido nas pesquisas e nos primeiros atos de campanha de Harris. Ao lado de rappers em um comício em Atlanta, pronunciou a frase "When we fight, we win!" ("Quando lutamos, vencemos!"), que logo se tornou o novo slogan de campanha.

"Vamos levar o nosso caso ao povo americano e vamos vencer", disse também aos voluntários da campanha em Delaware, reconhecendo uma "montanha-russa de emoções".

- A escolha do vice -

Apoiada por seu partido e sua base, Kamala Harris precisava apresentar um companheiro de chapa. Um processo que normalmente leva meses aconteceu em poucos dias.

No dia 6 de agosto, ela anunciou que o escolhido seria um ex-professor de Geografia que virou governador de Minnesota, Tim Walz, de 60 anos.

A dupla percorreu em uma semana cinco estados considerados decisivos para as eleições de novembro.

Depois de Harris aceitar formalmente a indicação democrata nesta quinta-feira, no principal momento da convenção do partido em Chicago, ela terá dois meses para convencer os americanos da solidez de sua candidatura. E competir com um candidato também disposto a batalhar.

    AFP

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