Combatentes talibãs durante desfile militar na antiga base americana de Bagram
Ahmad SAHEL ARMAN
Combatentes talibãs durante desfile militar na antiga base americana de Bagram
Ahmad SAHEL ARMAN

Os talibãs celebraram nesta quarta-feira (14) o terceiro aniversário de seu retorno ao poder no Afeganistão com um desfile militar na antiga base americana de Bagram, onde o primeiro-ministro Hassan Akhund prometeu "manter o rumo da lei islâmica".

Centenas de convidados compareceram à base, que fica 50 quilômetros ao norte de Cabul, para um desfile de mais de uma hora de duração com helicópteros, caminhões, lançadores de foguetes e blindados de origem soviética, mas também com equipamentos americanos recuperados pelos talibãs após sua vitória relâmpago em 2021.

Também participaram no evento as motocicletas com galões amarelos que, durante a rebelião contra o governo apoiado pelo Ocidente, foram utilizadas para transportar bombas de fabricação caseira em vários atentados.

Em um discurso ao público, o primeiro-ministro afegão Hassan Akhund defendeu a manutenção das políticas islamistas aplicadas até o momento, muito criticadas pela comunidade internacional.

"Nossos dirigentes devem ter consciência de que nossos deveres não cessaram com a jihad (guerra santa). Agora temos a responsabilidade de manter o rumo da lei islâmica", disse Akhund.

Em 15 de agosto de 2021, os talibãs entraram em Cabul, o que provocou a fuga do governo e o colapso da coalizão ocidental liderada pelos Estados Unidos que havia expulsado o grupo do poder 20 anos antes.

A vitória é celebrada um dia antes, seguindo o calendário afegão (e persa).

- Segurança reforçada -

Após o desfile em Bagram, as celebrações continuaram no estádio Ghazi, na capital Cabul, onde centenas de homens com capacetes e camisas brancas participaram em exibições de boxe e luta.

Nenhuma mulher participa nas celebrações e até mesmo as jornalistas foram proibidas de cobrir o aniversário.

Os talibãs aplicam a lei islâmica de forma extremamente rigorosa. Em três anos de governo, o grupo restringiu severamente a liberdade das mulheres, que estão cada vez mais afastadas dos espaços públicos.

Desde o início da semana, milhares de bandeiras pretas e brancas do emirado islâmico são exibidas nas ruas de Cabul, em meio a medidas de segurança drásticas diante do temor de um novo ataque do grupo Estado Islâmico (EI).

Embora compartilhem a ideologia islamista e sunita com os talibãs, o EI é a principal ameaça à segurança dos novos governantes do Afeganistão e executou vários atentados mortais no país nos últimos anos, o mais recente no domingo passado em um bairro xiita de Cabul.

Depois de três anos de administração talibã, o Afeganistão continua sendo um dos países mais pobres do mundo, com elevado índice de desemprego e uma grave crise humanitária.

Nenhum país reconheceu o governo talibã devido a suas políticas contrárias às liberdades das mulheres, excluídas do mundo do trabalho e das salas de aula.

Mas o governo conseguiu alguns progressos diplomáticos ao estabelecer relações com os países vizinhos, a China e a Rússia. Também iniciou um diálogo com o Ocidente ao participar, pela primeira vez em junho, em negociações em Doha.

"Os países que cooperam com os talibãs deveriam recordar o governo de seus abusos contra as mulheres e as meninas", afirmou a ONG Human Rights Watch.

    AFP

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