O líder separatista catalão Carles Puigdemont, foragido da Justiça espanhola há sete anos, afirmou neste sábado (10) que nunca pensou em render-se às autoridades durante a breve aparição que fez na quinta-feira (8) em Barcelona.
"Nunca tive a intenção de me entregar a uma autoridade judicial que não tenha competência para nos perseguir (…) nem tenha qualquer interesse em fazer justiça", mas que "pretende fazer política", explicou em um vídeo em catalão divulgado na rede social X o ex-presidente (2016-2017) dessa rica região do nordeste da Espanha.
O líder separatista, que afirma ter retornado à cidade belga de Waterloo, onde se instalou nos últimos anos, destacou que na quinta-feira pretendia "entrar no Parlamento [regional] para assistir à posse" do chefe do Executivo catalão e exercer o seu "direito de falar (...) e de votar" como deputado eleito nas últimas eleições regionais.
"Mas desde o início da manhã ficou claro que o Departamento do Interior tinha organizado um dispositivo policial para me impedir de entrar no Parlamento", acrescentou Puigdemont, que por fim discursou aos seus apoiadores em um parque próximo antes de desaparecer, apesar do extenso dispositivo policial instalado para prendê-lo.
"Nesse contexto, tentar entrar no Parlamento significaria uma prisão certa e eu não teria a menor possibilidade de discursar para a Câmara, que era o meu objetivo. Seria equivalente a uma entrega voluntária para que a minha prisão se tornasse efetiva", acrescentou.
Dado este "contexto de repressão com cerco total, retornar à minha residência belga, aqui em Waterloo, tornou-se o objetivo", continuou.
O líder do partido separatista Junts per Catalunya (JxCAT, Juntos pela Catalunha) garantiu estar ciente do que estava "arriscando" e dos "enormes custos de um fracasso".
"Mas era necessário denunciar internacionalmente um Estado espanhol que não se comporta democraticamente quando permite que os juízes do Supremo Tribunal ridicularizem as leis aprovadas pelo seu Parlamento", apontou.
Puigdemont referiu-se à lei de anistia que o governo socialista espanhol de Pedro Sánchez promulgou em troca do seu apoio legislativo aos separatistas envolvidos no referendo de secessão ilegal realizado na Catalunha em 1º de outubro de 2017.
Mas no início de julho um juiz do Supremo Tribunal espanhol determinou que esta anistia não se aplicava às acusações de peculato contra Puigdemont.