O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken (à esquerda), com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, durante uma reunião à margem da cúpula da Asean em Vientiane, Laos, em 27 de julho de 2024
Achmad Ibrahim
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken (à esquerda), com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, durante uma reunião à margem da cúpula da Asean em Vientiane, Laos, em 27 de julho de 2024
Achmad Ibrahim

O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, e o secretário de Estado americano, Antony Blinken, trocaram advertências neste sábado (27) sobre o Mar do Sul da China, onde Pequim está envolvido em uma disputa territorial com as Filipinas, aliada de Washington.

O chefe da diplomacia americana se reuniu com o seu contraparte chinês à margem de uma cúpula de ministros das Relações Exteriores da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) no Laos.

Ambos tiveram uma conversa "aberta e produtiva", ressaltou Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA.

O encontro ocorreu após Blinken criticar as ações "de escalada" e "ilegais" de Pequim no disputado Mar da China Meridional, por onde passa uma rota marítima essencial ao comércio internacional.

Nos últimos meses, esta área tem sido palco de diversos confrontos entre chineses e filipinos, o que ressalta o temor de que um aumento das tensões acabe envolvendo Washington, que possui um pacto de defesa com Manila.

Pequim reivindica quase todo o Mar do Sul da China e rejeita tanto as reivindicações territoriais de vários países do Sudeste Asiático, incluindo as Filipinas, como uma decisão internacional que determinou que suas solicitações não possuem base jurídica.

"Os Estados Unidos não deveriam colocar lenha na fogueira, causar problemas e minar a estabilidade marítima", disse Wang durante uma reunião com Blinken, segundo um comunicado publicado pela chancelaria chinesa.

Blinken expressou "preocupação" devido às ações provocativas efetuadas recentemente pela China, em particular um bloqueio simulado nas imediações de Taiwan, no momento da posse do presidente taiwanês, Lai Ching-te, explicou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

A China considera Taiwan parte de seu território e, nos últimos anos, intensificou as ações de intimidação contra a ilha, que tem um governo democrático.

"Quando os promotores da independência de Taiwan lançarem uma provocação, responderemos", disse Wang, citado pelo Ministério das Relações Exteriores da China.

Durante a reunião, de uma hora e 20 minutos, Blinken mencionou a questão dos direitos humanos em Taiwan, Tibete e Hong Kong, assim como o apoio da China à Rússia na guerra da Ucrânia.

Por fim, citou o "tema das pessoas detidas injustamente na China e a necessidade de avançar neste ponto", segundo Miller.

- Papel "decisivo" da China -

Depois da visita ao Laos, o secretário de Estado continuará sua viagem por seis países da região com uma escala em Hanói, Vietnã, com o objetivo de reforçar sua influência americana em relação à China.

Blinken chegou ao Laos dois dias depois que os ministros das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e da China, Wang Yi, se reuniram em paralelo à reunião ministerial.

No encontro, Lavrov afirmou que analisaram "detalhadamente" questões de cooperação e construção de "uma nova arquitetura de segurança".

A China é um aliado importante da Rússia e os membros da Otan consideram que Pequim tem um papel "decisivo" em relação a Moscou desde a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022.

    AFP

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