Donald Trump durante a convenção do Partido Republicano, 18 de julho de 2024 em Milwaukee
Alex Wroblewski
Donald Trump durante a convenção do Partido Republicano, 18 de julho de 2024 em Milwaukee
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Donald Trump previu uma "vitória incrível" nesta quinta-feira (18) ao aceitar a nomeação republicana para a presidência de um partido eufórico com sua escapada de uma tentativa de assassinato e animado com a aparente implosão da campanha de reeleição de Joe Biden.

"Teremos uma vitória incrível e começaremos os quatro maiores anos da história do nosso país", disse Trump, de 78 anos, na Convenção Nacional Republicana em Milwaukee, no estado de Wisconsin (norte).

Foi o primeiro discurso de Trump desde que um homem de 20 anos atirou nele, causando um ferimento em uma orelha e matando um espectador durante um comício no fim de semana passado.

Em um relato emocional do tiroteio, onde Trump disse que tinha "Deus ao meu lado", o ex-presidente pediu um momento de silêncio para homenagear a vítima, o bombeiro Corey Comperatore. Diante de uma multidão silenciosa, ele beijou o capacete do bombeiro morto no palco.

Trump subiu ao palco sob gritos de "USA (EUA, na sigla em inglês)" de uma multidão que passou a semana falando dele em termos quase divinos.

Os atos de abertura incluíram o ícone da luta livre dos anos 1980 Hulk Hogan e o teórico da conspiração e guru da mídia de extrema-direita Tucker Carlson, que descreveu a sobrevivência de Trump como um momento histórico.

Após a tentativa de assassinato, Trump se tornou "líder de uma nação", disse Carlson.

Mas, embora o discurso tenha sido anunciado como o lançamento de um Trump menos abrasivo e mais em busca de unidade, ele logo voltou a pintar os Estados Unidos como uma ruína apocalíptica que precisa ser salva.

Prometendo concluir um muro na fronteira dos EUA com o México, Trump disse que uma "invasão" de imigrantes trouxe "destruição" e "miséria" a uma "nação em declínio".

Ele prometeu acabar com os enormes gastos de Biden no combate às mudanças climáticas, chamando-os de "fraude".

Ele novamente fez sua falsa alegação de que os democratas trapacearam em sua derrota para Biden na eleição de 2020. E, apesar de seus assessores prometerem que Trump não mencionaria o nome de Biden no discurso, ele se referiu ao seu oponente e "os danos" que ele causou.

Trump muda o roteiro 

Apesar de um turbilhão de escândalos por sua tentativa sem precedentes de reverter a eleição de 2020, além de responder a 34 condenações criminais em maio em um julgamento em Nova York, Trump está em ascensão nas pesquisas antes das eleições de novembro.

Agora, com os republicanos mais alinhados com ele do que nunca, o ex-presidente está confiante em um retorno surpreendente ao poder.

Tentando reverter o roteiro das acusações de que ele pretende governar como um líder autoritário, Trump insistiu que ele é "o único que está salvando a democracia" e se referiu às investigações criminais que pesam contra ele como "caça às bruxas".

"Não devemos criminalizar a dissidência", disse ele.

A celebração de Trump em Milwaukee contrastou com a crise que envolve Biden, de 81 anos.

O presidente democrata parecia estar perto, na noite de quinta-feira, de ser forçado por seu próprio partido a desistir da disputa e abrir caminho para a vice-presidente Kamala Harris ou outro candidato, à medida que aumentam os temores de que sua saúde física debilitada leve a uma derrota em novembro.

O principal assessor de Trump, Jason Miller, disse à AFP que "nada muda fundamentalmente" para Trump se Biden desistir.

A família de Trump estava presente, com seu filho Eric animando a multidão em um grito de "lutem, lutem, lutem!"

A esposa de Trump, Melania, que esteve ausente durante a maior parte da campanha, chegou sob aplausos, mas não falou - uma quebra notável de tradição com a convenção política dos EUA em tais eventos.


CEO de artes marciais, pregador 

Os apoiadores têm se alinhado durante toda a semana para aplaudir o ex-presidente por sua bravura desde o ataque do atirador em um comício na Pensilvânia.

Outros que discursaram na convenção incluíram o amigo de longa data de Trump, Dana White, CEO do Ultimate Fighting Championship. Trump assistiu a várias lutas do UFC enquanto busca conquistar eleitores mais jovens do sexo masculino.

Adotando um tom diferente, o pregador evangelista Franklin Graham - cujo pai foi conselheiro espiritual de vários presidentes dos EUA - liderou uma longa oração por Trump.

Com Biden ainda se recuperando das consequências de seu desempenho desastroso no debate contra Trump no mês passado, as pesquisas mostram uma diferença gradualmente se abrindo na corrida antes acirrada.

A campanha republicana até falou sobre as chances de Trump em redutos democratas como Minnesota e Virgínia.

Esta semana também viu Trump nomear o senador conservador J.D. Vance, de Ohio, como seu companheiro de chapa.

O autor de 39 anos de um best-seller sobre crescer pobre na classe trabalhadora americana é um ex-crítico de Trump que se tornou um de seus mais fervorosos apoiadores.

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    AFP

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