Um avião da companhia aérea KLM decola do aeroporto de Stuttgart, Alemanha, em 18 de julho de 2023
THOMAS KIENZLE
Um avião da companhia aérea KLM decola do aeroporto de Stuttgart, Alemanha, em 18 de julho de 2023
Thomas Kienzle

Um dos maiores apagões cibernéticos registrados nos últimos anos afetou várias atividades nesta sexta-feira (19) ao redor do planeta, incluindo companhias aéreas internacionais, bancos, empresas ferroviárias e do setor de telecomunicações.

A falha, que aparentemente foi provocada pela atualização de um programa antivírus, também atingiu as "operações virtuais" dos Jogos Olímpicos de Paris, informou o comitê organizador do evento, uma semana antes da cerimônia de abertura de 26 de julho.

Em uma notificação publicada no seu site, a empresa americana Microsoft informou que os problemas começaram na quinta-feira às 19h00 GMT (16h00 de Brasília) e afetaram os usuários da Azure, sua plataforma na nuvem, que tem a proteção do software de cibersegurança CrowdStrike Falcon.

O CEO da CrowdStrike, George Kurtz, afirmou que os clientes foram afetados por uma "falha encontrada em uma atualização de conteúdo dos usuários do Windows".

"O problema foi identificado, isolado e uma correção foi aplicada", escreveu Kurtz nas redes sociais X e LinkedIn.

As ações da empresa registraram queda de 20% nas operações antes da abertura da Bolsa.

O governo da Alemanha, com base em informações compiladas por seus funcionários que atuam na área de segurança cibernética, afirmou alguns minutos antes que a falha foi provocada por uma "atualização defeituosa desta empresa.

A agência francesa de segurança cibernética, ANSSI, afirmou que "não há evidência que sugira que a interrupção foi provocada por um ciberataque".

A falha provocou perturbações em vários aeroportos internacionais, com problemas nos sistemas de check-in.

Os aeroportos de Berlim (Alemanha) e Sydney (Austrália) registraram longas filas de passageiros.

As principais companhias aéreas dos Estados Unidos, incluindo Delta, United e American Airlines, suspenderam os voos no início da manhã devido a "problemas de comunicação", informou a Administração Federal de Aviação (FAA).

A American Airlines informou que retomou as operações às 9h00 GMT (6h00 de Brasília). Em Berlim, o tráfego aéreo foi retomado parcialmente depois das 8H00 GMT (5h00 de Brasília).

Problemas similares afetaram o aeroporto de Amesterdã-Schiphol, nos Países Baixos, Hong Kong, assim como todos os aeroportos na Espanha, anunciaram as autoridades destes países.

Na Suíça, o aeroporto de Zurique, o maior do país, também suspendeu os pousos até nova ordem. Os aeroportos de Pequim não foram afetados, segundo a imprensa estatal chinesa.

Além de companhias aéreas e dos aeroportos, o apagão cibernético também afetou hospitais nos Países Baixos, a Bolsa de Valores de Londres e a principal empresa ferroviária britânico.

A programação do canal britânico Sky News foi interrompida. Na Austrália, o canal nacional ABC anunciou que seus sistemas foram afetados por uma falha "grave".

Na Nova Zelândia, a imprensa relatou problemas nos bancos e nos sistemas operacionais do Parlamento.

- "Infraestruturas resistentes" -

A dimensão global da falha levou alguns especialistas a destacar o fato de que grande parte do mundo dependa de um único fornecedor para serviços tão diversos.

"Temos que ter a consciência de que este tipo de software pode ser uma causa comum de falha em vários sistemas ao mesmo tempo", disse o professor de Engenharia de Software John McDermid, da Universidade de York (Inglaterra).

"Temos que desenvolver infraestruturas resistentes a estes problemas", acrescentou.

Companhias aéreas como Air France, KLM (Países Baixos) e Ryanair (Irlanda) sofreram problemas em suas redes. O mesmo aconteceu com três companhias aéreas indianas, IndiGo, SpiceJet e Akasa Air.

A Turkish Airlines anunciou o cancelamento de 84 voos.

Algumas companhias aéreas do aeroporto internacional de Singapura também relataram interrupções.

    AFP

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