Memorial em Hilversum, Países Baixos, em 17 de julho de  2024
Sem van der Wal
Memorial em Hilversum, Países Baixos, em 17 de julho de 2024
Sem van der Wal

Dez anos após a queda do voo MH17, que sobrevoava a Ucrânia, os familiares das vítimas têm poucas esperanças de ver os responsáveis presos.

Centenas de parentes das 298 vítimas participaram de uma homenagem nesta quarta-feira(17) perto do aeroporto de Amsterdã-Schiphol, de onde o avião decolou em 17 de julho de 2014 com destino a Kuala Lumpur.

Horas depois, o Boeing 777 da Malaysia Airlines foi alvejado por um míssil de fabricação russa em uma área da Ucrânia controlada por separatistas pró-Rússia. Todas as pessoas a bordo morreram.

Durante a cerimônia, foram lidos em voz alta os nomes de todas as vítimas, a maioria dos Países Baixos (196), mas também muitas da Malásia (43) e da Austrália (38).

A Justiça holandesa condenou três homens à prisão perpétua em 2022 por seu papel no desastre, incluindo dois russos, mas Moscou recusou-se a extraditar qualquer suspeito.

No ano passado, investigadores internacionais suspenderam seus trabalhos após concluírem que não havia provas suficientes para perseguir os suspeitos envolvidos.

"Não creio que os responsáveis cumpram a pena", disse à AFP Evert van Zijtveld, que perdeu a filha Frédérique, de 19 anos, o filho Robert-Jan, de 18, e os sogros.

A televisão holandesa transmitiu a cerimônia ao vivo e a bandeira nacional ficou a meio mastro em muitos municípios do país.

O governo australiano, em uma cerimônia no Parlamento com familiares das vítimas, disse que não desistirá "do seu compromisso de responsabilizar a Rússia".

"Comprometo-me mais uma vez com a nossa busca coletiva pela verdade, justiça e responsabilização pelas atrocidades cometidas em 17 de julho de 2014", afirmou a ministra australiana das Relações Exteriores, Penny Wong.

- "Difícil de acreditar" -

O avião caiu nas fases iniciais do conflito entre o governo ucraniano e os separatistas pró-Rússia no leste do país, durante o qual Moscou assumiu o controle da península da Crimeia.

Em novembro de 2022, um tribunal holandês considerou os russos Igor Guirkin e Sergei Dubinski e o ucraniano Leonid Kharchenko "culpados" de homicídio doloso e os condenou à prisão perpétua.

Os magistrados consideraram que eles foram os responsáveis pelo transporte do míssil que derrubou o avião de uma base na Rússia até o local de lançamento, embora não tenham sido acusados pelo disparo.

Os três homens rejeitaram participar do processo judicial nos Países Baixos, que os condenou à revelia, e negaram qualquer responsabilidade. Um quarto suspeito, o russo Oleg Pulatov, foi absolvido.

Os investigadores internacionais concluíram que há "fortes indícios" de que o presidente russo, Vladimir Putin, aprovou o fornecimento do míssil que derrubou a aeronave.

Moscou nega qualquer envolvimento e rejeitou veementemente o veredito do tribunal de 2022, chamando-o de "político" e "escandaloso".

A União Europeia instou Moscou na terça-feira a "aceitar a sua responsabilidade por esta tragédia e a cooperar plenamente a serviço da Justiça".

As provas apresentadas durante o julgamento "mostram claramente que o sistema de mísseis terra-ar BUK usado para abater o voo MH17 pertencia sem dúvida às forças armadas da Federação Russa", disse o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.

Moscou se recusou a extraditar os suspeitos, alegando que seria contra suas leis.

"A invasão da Ucrânia e a escalada da guerra tornam realmente difícil acreditar que um deles será preso em breve", declarou Evert van Zijtveld.

    AFP

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