Mulheres e crianças caminham em frente a prédios destruídos pelos bombardeios israelenses em 30 de junho de 2024 em Khan Yunis, sul da Faixa de Gaza
Eyad BABA
Mulheres e crianças caminham em frente a prédios destruídos pelos bombardeios israelenses em 30 de junho de 2024 em Khan Yunis, sul da Faixa de Gaza

Israel bombardeou o sul da  Faixa de Gaza nesta segunda-feira (1º), depois que milicianos palestinos lançaram uma série de projéteis contra o seu território, após quase nove meses de guerra.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse no domingo que suas tropas travam "uma dura batalha" no território palestino devastado pela guerra, que eclodiu após o ataque sem precedentes do movimento islamista Hamas em 7 de outubro no sul de Israel.

As Brigadas Al Quds, o braço armado da Jihad Islâmica, afirmaram nesta segunda-feira que lançaram uma onda de foguetes contra Israel, "em resposta aos crimes do inimigo sionista contra o nosso povo palestino".

O Exército israelense informou ter detectado cerca de "20 projéteis procedentes do setor de Khan Yunis" em Gaza e afirmou que alguns foram interceptados.

Diretor de hospital denuncia torturas

Israel libertou dezenas de prisioneiros palestinos, incluindo o diretor do hospital Al Shifa da Cidade de Gaza, Mohamed Abu Salmiya, detido em novembro, e estes retornaram ao território palestino nesta segunda-feira.

Salmiya relatou ter sido submetido a "graves torturas" durante a sua detenção e afirmou que "muitos prisioneiros morreram nos centros de interrogatório e foram privados de comida e medicamentos".

O conflito eclodiu em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram 1.195 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

O Exército israelense calcula que 116 pessoas permanecem em cativeiro em Gaza, 42 das quais teriam morrido.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já deixou pelo menos 37.900 mortos, a maioria civis, em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, que está no poder neste território desde 2007.

As negociações para chegar a um acordo de trégua estão paralisadas. Israel insiste em continuar a guerra até "aniquilar" o Hamas e libertar todos os reféns. O movimento islamista palestino exige um cessar-fogo permanente e a retirada das tropas israelenses de Gaza.

"Dura batalha"

O Exército israelense lançou há cinco dias uma operação militar no bairro de Shujaiya, no leste da cidade de Gaza, onde houve combates nesta segunda-feira.

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) calcula que entre 60 mil e 80 mil pessoas fugiram do leste e nordeste da Cidade de Gaza desde que os militares israelenses emitiram uma ordem de evacuação na quinta-feira.

Várias testemunhas relataram bombardeios em Rafah, no sul do território palestino, na fronteira com o Egito, e no campo de Nuseirat, no centro.

As tropas israelenses lançaram uma operação terrestre em Rafah no dia 7 de maio para combater o que chamaram de último grande reduto do Hamas, uma ofensiva que provocou um êxodo de centenas de milhares de palestinos.

Netanyahu declarou no domingo que o Exército trava uma "dura batalha" no terreno, depois de ter afirmado há uma semana que a "fase intensa dos combates contra o Hamas está prestes a terminar".

Sarna, varicela e hepatite

A guerra provocou um deslocamento em massa da população e uma catástrofe humanitária neste território palestino que está sitiado por Israel quase desde o início do conflito.

A ajuda humanitária chega a conta-gotas e os 2,4 milhões de habitantes de Gaza sobrevivem em condições que a ONU descreve como "desastrosas".

Milhares de crianças sofrem com a falta de alimentos, afirma a Organização Mundial da Saúde (OMS), que em meados de junho registrou "32 mortes por desnutrição, incluindo 28 crianças menores de cinco anos".

No acampamento de deslocados de Deir al Balah, o farmacêutico Sami Hamid relatou um aumento de infecções de pele, como a sarna, e disse que há muitos casos de varicela e hepatite, que provavelmente estão ligados ao esgoto não tratado que corre ao lado das barracas.

"As consequências são catastróficas, especialmente para as crianças", afirmou.

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