O Exército israelense bombardeou a Faixa de Gaza nesta terça-feira (25) e as autoridades palestinas relataram a morte de dez familiares do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, enquanto os Estados Unidos pressionam Israel para evitar uma nova escalada na fronteira com o Líbano.
A Defesa Civil da Faixa de Gaza informou que um bombardeio deixou dez mortos, incluindo Zahr Haniyeh, irmã do líder do braço político do movimento islamista palestino Hamas.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, está nos Estados Unidos.
As autoridades locais de Gaza informaram que um bombardeio atingiu o campo de refugiados de Al Shati, no norte deste território palestino governado pelo Hamas.
"Vários mártires permanecem sob os escombros", disse Mahmoud Basal, porta-voz da Defesa Civil de Gaza.
O Exército israelense, contatado pela AFP, afirmou que não pode confirmar a informação.
Mas disse que atacou combatentes do Hamas que estavam "dentro de complexos escolares" em Al Shati e em outra zona do norte de Gaza durante a noite e que estes milicianos estiveram envolvidos no ataque de 7 de outubro que desencadeou a guerra.
Haniyeh, que vive no Catar, perdeu três dos seus filhos e quatro netos em um bombardeio em abril.
- "Permanecer unidos" -
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse em uma entrevista no domingo que "a fase intensa da guerra está prestes a terminar em Rafah" e que isso permitirá que "algumas forças sejam realocadas para o norte", onde as tropas israelenses mantêm trocas de tiros quase diárias na fronteira libanesa com o movimento Hezbollah, aliado do Hamas.
Durante a viagem de Gallant a Washington, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, instou-o a evitar uma "escalada" no Líbano.
Blinken sublinhou a importância de se chegar a um acordo entre Israel e o Hamas que "garanta a libertação de todos os reféns e alivie o sofrimento do povo palestino". As negociações para uma trégua estão atualmente paralisadas.
O Hamas insiste que qualquer acordo de trégua deve incluir "um cessar-fogo permanente e uma retirada completa" das tropas israelenses de Gaza, algo que Netanyahu rejeita.
A viagem de Gallant busca aliviar a tensão, depois de Netanyahu ter acusado Washington de atrasar a entrega de armas e munições, algo que os Estados Unidos negam, porque afirmam que apenas retiveram um envio de bombas pesadas.
Gallant assumiu uma postura mais conciliatória e afirmou: "Devemos resolver rapidamente as diferenças entre nós e permanecer unidos".
No plano interno, o governo israelense enfrenta um revés depois que a Suprema Corte decidiu, nesta terça-feira, que os estudantes ultraortodoxos das escolas talmúdicas, até agora isentos de obrigações militares, devem se alistar no Exército.
Esta decisão complica as coisas para Netanyahu, que governa com uma coalizão de partidos de direita e de extrema direita, alguns deles ultraortodoxos.
- Dez crianças perdem "uma ou as duas pernas" todo dia em Gaza -
O conflito eclodiu quando comandos do Hamas invadiram o sul de Israel e mataram 1.195 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
Também sequestraram 251 reféns, dos quais 116 ainda estão detidos em Gaza, e entre os quais 42 teriam morrido, segundo o Exército israelense.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre em Gaza, que já deixou 37.658 mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território.
O elevado número de mortes de civis em Gaza gerou indignação em todo o mundo e dezenas de manifestantes esperaram que Gallant chegasse ao seu encontro com Blinken em Washington para lhe gritar "criminoso de guerra".
Além da ofensiva militar, Israel impôs um cerco a Gaza que impede a entrada de alimentos, combustível, água e medicamentos.
Em Gaza, quase meio milhão de pessoas sofrem de fome "catastrófica", segundo um relatório publicado nesta terça-feira e respaldado pela ONU.
Philippe Lazzarini, diretor da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), alertou que todos os dias, em média, dez crianças em Gaza perdem uma ou duas pernas, citando números da Unicef, e especificou que não incluem menores que perdem um braço ou uma mão.
A UNRWA enfrenta uma crise desde janeiro, depois que Israel acusou dezenas dos seus 13 mil funcionários de envolvimento no ataque de 7 de outubro. Lazzarini afirmou que a agência tem recursos para funcionar até o final de agosto.
Na segunda-feira, familiares das vítimas do ataque do Hamas a Israel processaram a UNRWA, em Nova York, onde está localizada a sede da ONU.