Militares norte-coreanos perto da fronteira fortificada com a Coreia do Sul, em imagem divulgada em 18 de junho de 2024 pelo Ministério da Defesa de Seul
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Militares norte-coreanos perto da fronteira fortificada com a Coreia do Sul, em imagem divulgada em 18 de junho de 2024 pelo Ministério da Defesa de Seul
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O Exército da Coreia do Sul informou nesta sexta-feira (21) que disparou tiros de advertência depois que soldados norte-coreanos atravessaram brevemente a fronteira fortificada, a terceira incursão do tipo desde o início de junho.

A Coreia do Norte, que possui armas nucleares, reforçou sua presença na fronteira nos últimos meses, com rodovias táticas e a instalação de minas terrestres, o que provocou "vítimas" entre as suas tropas devido a explosões acidentais, segundo Seul.

"Vários soldados norte-coreanos que trabalhavam na DMZ (zona desmilitarizada), na linha de frente central, atravessaram a Linha de Demarcação Militar", afirmou o Estado-Maior Conjunto. O incidente aconteceu na quinta-feira por volta das 11h00 locais.

Após alguns tiros de advertência, "os soldados norte-coreanos recuaram para o Norte", acrescentou o Estado-Maior sul-coreano.

Incidentes similares aconteceram nos dias 9 e 18 de junho. Os militares sul-coreanos afirmaram que as duas incursões pareceram acidentais.

A relação entre as duas Coreias estão em um dos momentos mais delicados nos últimos anos.

O dirigente do hermético país comunista, Kim Jong Un, recebeu esta semana o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e assinou um acordo de defesa mútua que irritou Seul.

Em resposta, a Coreia do Sul, um grande exportador de armas, anunciou que vai "reconsiderar" uma política de longa data que a impediu de fornecer armas diretamente à Ucrânia.

"Enquanto a atenção está concentrada nas colaborações párias de Putin, o regime de Kim está colocando em perigo, de maneira imprudente, os soldados com obras apressadas na fronteira coreana", disse Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha, de Seul.

As obras provavelmente visam "tanto manter os seus compatriotas dentro, como manter os sul-coreanos fora", disse.

"A ausência de canais de comunicação intercoreanos e de mecanismos de criação de confiança aumenta o perigo de escalada nas zonas fronteiriças", alerta o professor.


Guerra dos balões 

As duas Coreias também iniciaram uma "guerra dos balões".

Um ativista do Sul confirmou nesta sexta-feira que enviou mais balões com propaganda para o Norte.

A medida certamente provocará uma resposta de Pyongyang, que já enviou mais de mil balões com lixo para o Sul.

A influente irmã de Kim, Kim Yo Jong, disse que "lenços e objetos sujos" foram detectados perto da fronteira e advertiu que o Norte provavelmente responderá aos balões.

"É óbvio que algo vai acontecer agora que eles fizeram algo que dissemos claramente que não deveriam fazer", afirmou em um comunicado divulgado pela agência oficial KCNA.

Legalmente, Seul não pode impedir que os ativistas enviem balões através da fronteira devido a uma decisão judicial de 2023 de que as proibições representavam uma violação injustificável da liberdade de expressão.

O ativista Park Sang-hak, norte-coreano que desertou que envia panfletos contra o regime ao Norte há vários anos, disse que lançou 20 balões na fronteira nesta quinta-feira, com propaganda e pendrives com músicas de K-pop e séries de televisão.

O Norte é extremamente sensível ao acesso de sua população à cultura pop sul-coreana. Um relatório da ONU afirma que a posse de grandes quantidades desse tipo de conteúdo é punida com a pena de morte.

A Coreia do Norte chamou os balões de propaganda de "guerra psicológica" e alertou que responderá a cada lançamento da mesma maneira.

As tensões desencadeadas pela propaganda já tiveram consequências graves em outros momentos.

Em 2020, após o envio de panfletos ao Norte, Pyongyang cortou unilateralmente todos os laços oficiais de comunicação militar e política com Seul e implodiu um escritório de ligação intercoreano, que estava desativado, do seu lado da fronteira.

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    AFP

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