O líder norte-coreano Kim Jong Un (E) e o presidente russo, Vladimir Putin (D), durante a cerimônia de boas-vidas em Pyongyang
Gavriil GRIGOROV
O líder norte-coreano Kim Jong Un (E) e o presidente russo, Vladimir Putin (D), durante a cerimônia de boas-vidas em Pyongyang
Gavriil GRIGOROV

A Coreia do Norte apoia plenamente a guerra da Rússia contra a Ucrânia, afirmou nesta quarta-feira (19) o dirigente Kim Jong Un durante a visita de Estado a Pyongyang de Vladimir Putin, depois que os dois países assinaram um tratado de associação estratégica que prevê assistência mútua em caso de "agressão".

Durante a visita do presidente russo, Vladimir Putin, os dois chefes de Estado assinaram um tratado de associação estratégica, no momento em que a Rússia enfrenta um relativo isolamento diplomático devido à invasão da Ucrânia e a Coreia do Norte permanece sob sanções por seu programa nuclear.

O dirigente norte-coreano recebeu Putin na pista do aeroporto durante a madrugada, com direito a tapete vermelho e ruas de Pyongyang decoradas com as bandeiras dos dois países, além de fotos gigantes de Putin.

"O tratado de associação global assinado hoje prevê, entre outras coisas, uma assistência mútua em caso de agressão a uma parte", declarou Putin, antes de explicar que a Rússia "não descarta" uma cooperação militar-técnica com a Coreia do Norte.

As potências ocidentais, que acusam a Coreia do Norte há vários meses de fornecer munições e mísseis à Rússia para a guerra na Ucrânia, temem um reforço da cooperação militar entre Moscou e Pyongyang.

"Rússia e Coreia têm uma política externa independente e não aceitam a linguagem da chantagem por parte do Ocidente", afirmou Putin à imprensa depois de assinar o tratado.

Kim celebrou uma "nova era" das relações bilaterais e afirmou que a "Coreia do Norte expressa pleno apoio e solidariedade ao governo" em sua ofensiva na Ucrânia, que motivou uma série de sanções contra Moscou.

O dirigente norte-coreano disse que o acordo de assistência mútua é de natureza "defensiva", segundo as agências de notícias russas, e chamou Putin de "melhor amigo" da Coreia do Norte.

Putin agradeceu a Kim pelo apoio "constante e inabalável" da Coreia del Norte, o convidou a visitar Moscou e afirmou que as sanções contra Pyongyang devem ser "revistas".

Moscou e Pyongyang são aliados desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953) e reforçaram as relações desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Putin foi recebido com grande pompa na praça Kim Il Sung de Pyongyang, com banda militar e um espetáculo de dança, algo habitual nas cerimônias da Coreia do Norte.

Depois, os chefes de Estado iniciaram a reunião, o segundo encontro de ambos em menos de um ano. Kim visitou a Rússia em setembro. A visita anterior de Putin ao isolado país comunista aconteceu no ano 2000.

"A Rússia precisa do apoio da Coreia do Norte em termos de armamentos devido à prolongada guerra na Ucrânia, enquanto a Coreia do Norte precisa do apoio da Rússia em alimentos, energia e armas de ponta para aliviar a pressão das sanções", disse à AFP Koh Yu-hwan, professor emérito de estudos norte-coreanos na Universidade de Dongguk, em Seul.

- EUA expressa "preocupação" -

Pyongyang chamou as acusações de que fornece armas para a Rússia de "absurdas".

A Rússia utilizou em março o direito de veto no Conselho de Segurança da ONU para acabar com o sistema que monitorava as sanções impostas à Coreia do Norte, instauradas sobretudo para vigiar o programa nuclear de Pyongyang.

O governo dos Estados Unidos expressou "preocupação" com a viagem de Putin devido às consequências para a segurança da Coreia do Sul e da Ucrânia. Seul afirmou que acompanhou "de perto os preparativos" da visita.

Putin viajou com o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, e com o ministro da Defesa, Andrei Belousov.

O presidente da Rússia, alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), reduziu as viagens ao exterior, mas visitou alguns aliados cruciais, como a China.

O apoio de Putin permite a Kim "equilibrar sua dependência" do seu outro aliado importante, a China, explicou à AFP Vladimir Tikhonov, professor da Universidade de Oslo. Em troca, "ele obtém um fornecimento seguro dos projéteis de artilharia de tipo soviético que precisa".

O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, fez um apelo à comunidade internacional para contra-atacar a "amizade" entre Putin e o líder norte-coreano aumentando os envios de armas a Kiev.

    AFP

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!