Turistas caminham pela Rua Szewska em Cracívia, em 13 de junho de 2024
Sergei GAPON
Turistas caminham pela Rua Szewska em Cracívia, em 13 de junho de 2024
Sergei GAPON

Gritos, brigas, barulho durante a madrugada... O centro de Cracóvia se tornou um destino popular de turismo desenfreado, ao que a população respondeu processando a prefeitura da cidade.

Os moradores desta localidade conhecida por sua arquitetura gótica e renascentista reclamam do contingente de visitantes que terminam suas festas vomitando nas ruas e fazendo barulho, ignorando as regras de silêncio noturno.

Cansados da situação, os residentes de Cracóvia decidiram abrir um processo contra a prefeitura, para obrigá-la a resolver o problema.

"A violação da lei se tornou um símbolo do turismo em Cracóvia", disse à AFP Ryszard Rydiger, o advogado que apresentou a queixa, apoiado por dezenas de moradores.

Os turistas se comportam como "Tarzan na selva, sem que ninguém os incomode", acrescentou.

Com 800.000 habitantes, Cracóvia recebeu 9,4 milhões de visitantes em 2023, segundo números oficiais.

No mesmo ano, a polícia registrou 6.800 ocorrências no centro da cidade, o equivalente a mais de 20 por dia, sobretudo pelo consumo de álcool e a depredação de bens públicos, segundo o porta-voz da guarda municipal, Marek Aniol.

- Rua Szewska, o epicentro do problema -

Embora a questão dos distúrbios da ordem pública pareça endêmica em toda a cidade histórica, os moradores apontam a Rua Szewska como o epicentro do problema.

"Todos os dias até as seis da manhã há reuniões muito barulhentas nesta rua", queixam-se eles.

Jan, contratada por um clube para atrair clientes para a Szewska, a chama de "coração das trevas". Um de seus colegas "acabou na emergência" após um incidente em que foi espancado por vários homens.

"Não se pode passear tranquilamente à noite. A vida normal está muito perturbada", diz Weronika, uma médica de 25 anos.

O novo prefeito de Cracóvia, Aleksander Miszalski, anunciou esta semana a nomeação de uma autoridade municipal para gerenciar o período noturno.

Há um ano, a cidade foi a primeira na Polônia a proibir a venda de álcool entre a meia-noite e as 5h30, uma decisão apoiada por mais de metade dos habitantes.

Segundo a polícia, após seis meses da aplicação da medida, suas intervenções foram reduzidas à metade e menos pessoas em estado de embriaguez foram levadas à clínicas de reabilitação.

Durante três anos, Cracóvia também recorreu aos "City Helpers", voluntários encarregados de fornecer informações aos turistas durante a noite e chamar a polícia se necessário.

O município já organizou inúmeras campanhas publicitárias para incentivar os visitantes a cumprirem as regras e reduzirem a perturbação pública.

"Precisamos de turistas, mas também de legislação adequada para mantê-los sem barulho, desordem e sujeira", destaca Jan.

    AFP

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