O secretário de Estado americano, Antony Blinken, fala com a imprensa em Tel Aviv, Israel
Jack Guez
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, fala com a imprensa em Tel Aviv, Israel
JACK GUEZ

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken , prossegue nesta terça-feira (11) com sua viagem pelo Oriente Médio para defender um  plano de cessar-fogo em Gaza que recebeu o respaldo do Conselho de Segurança da ONU.

Em Israel, o secretário de Estado ressaltou que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, "reiterou o compromisso" com a proposta de cessar-fogo em Gaza apresentada pelo presidente americano, Joe Biden.

Blinken também chamou de "sinal de esperança" a reação do movimento islamista palestino Hamas, que celebrou na segunda-feira a aprovação de uma resolução pelo Conselho de Segurança da ONU que respalda o plano.

"Todo mundo disse sim, exceto o Hamas", afirmou Blinken, antes de destacar que se o grupo islamista não aceitar a proposta, o fracasso seria "claramente" sua responsabilidade.

O secretário de Estado se reuniu nesta terça-feira com Benny Gantz, rival centrista de Netanyahu que renunciou ao gabinete de guerra no domingo, e com o líder da oposição, Yair Lapid.

Depois ele viajou para a Jordânia, onde acontece uma reunião de cúpula de emergência para arrecadar fundos para ajuda humanitária no território palestino, que enfrenta o risco de fome.

Vontade de cooperar

O objetivo da viagem de Blinken, a oitava ao Oriente Médio desde o início da guerra em 7 de outubro, é promover o plano de trégua e libertação de reféns anunciado em 31 de maio por Biden, que na segunda-feira recebeu o apoio do Conselho de Segurança da ONU, com 14 votos a favor e a abstenção da Rússia.

O plano contempla, em uma primeira fase, um cessar-fogo "imediato e completo", a troca de reféns por presos palestinos, a retirada do Exército israelense das áreas habitadas de Gaza e a entrada de ajuda humanitária.

O Hamas afirmou que recebeu "favoravelmente" alguns elementos incluídos na resolução e destacou a "vontade de cooperar" com os mediadores para retomar as negociações indiretas com Israel. Mas o grupo que governa Gaza recordou as suas exigências de um cessar-fogo permanente e de retirada completa das forças israelenses do território.

Os bombardeios israelenses continuam em Gaza e, segundo fontes hospitalares, deixaram vários mortos no centro da Faixa, onde as tropas israelenses concentraram as ações na última semana.

O Exército israelense anunciou que quatro soldados morreram na segunda-feira em combates no sul do território.

As baixas elevam a 298 o número de militares israelenses mortos na ofensiva terrestre contra Gaza, iniciada em 27 de outubro.

Divisões no gabinete israelense 

Muito pressionado, Netanyahu insiste em seu objetivo de eliminar o Hamas, considerado uma "organização terrorista" por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

A estratégia militar pode ser reforçada pela operação que no sábado permitiu o resgate de quatro reféns no campo de refugiados de Nuseirat, que, segundo o governo do Hamas, matou 274 palestinos.

A ONU afirmou nesta terça-feira que está "profundamente chocada" com o custo civil desta operação e "profundamente consternada" com o fato de que os grupos armados palestinos continuam com reféns em cativeiro.

As divisões no gabinete israelense são concretas. O ministro da Defesa se distanciou do governo em uma votação parlamentar sobre um polêmico projeto de lei para aumentar o número de ultraortodoxos que devem cumprir o serviço militar.

No domingo, Gantz renunciou depois de exigir, sem sucesso, um plano de ação para o pós-guerra em Gaza e afirmou que a libertação de reféns deveria ser a prioridade.


 "Destruição por todos os lados" 

A guerra começou em 7 de outubro, quando milicianos islamistas assassinaram 1.194 pessoas e sequestraram 251 no sul de Israel.

O Exército israelense afirma que 116 reféns continuam em cativeiro em Gaza, mas 41 estariam mortos.

A operação iniciada por Israel em Gaza deixou mais de 37.100 mortos, segundo o Ministério da Saúde do governo liderado pelo Hamas.

Também provocou uma crise humanitária no território, cercado por Israel e onde quase não entram alimentos e água.

"Esta guerra destruiu nossas vidas. Não há comida, não há nada para beber, há cerco e destruição por todos os lados", declarou à AFP Soad Al Qanou, uma mulher que faz o possível para salvar seu filho, desnutrido, no campo de refugiados de Jabaliya, no norte de Gaza.

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    AFP

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