A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, dá uma coletiva de imprensa na sede da CDU, em Berlim, em 10 de junho de 2024, um dia após as eleições para o Parlamento Europeu
ODD ANDERSEN
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, dá uma coletiva de imprensa na sede da CDU, em Berlim, em 10 de junho de 2024, um dia após as eleições para o Parlamento Europeu
Odd ANDERSEN

A atual presidente da Comissão Europeia e candidata a um segundo mandato de cinco anos, a alemã Ursula von der Leyen, saiu mais forte das recentes eleições europeias, mas ainda está longe de poder reivindicar a vitória.

O bloco político que defende a sua candidatura, o do Partido Popular Europeu (PPE, direita), continuou sendo a principal força na Eurocâmara em eleições marcadas pelo forte avanço da extrema direita.

Na noite de domingo, falando como candidata, Von der Leyen comemorou o resultado para o PPE e prometeu construir um "baluarte" contra os extremos tanto da direita como da esquerda.

No final das eleições nos 27 países do bloco, o nó central do poder no Parlamento Europeu se manteve: a coalizão do PPE, os social-democratas e os centristas liberais do Renew.

Este cenário parece abrir caminho a Von der Leyen para mais cinco anos à frente da Comissão, mas a sua candidatura ainda terá que ultrapassar vários obstáculos, especialmente em termos de apoio político dos líderes europeus.

A alemã viajou nesta segunda-feira para Berlim, onde realizará negociações na sede do partido conservador CDU.

O futuro da Comissão começará a ser discutido a partir de quinta-feira à margem da cúpula do G7, embora vários dos interlocutores desse diálogo vivam realidades eleitorais claramente diferentes.

A primeira-ministra de Itália, Georgia Meloni, por exemplo, chegará ao G7 apoiada pela vitória clara do seu partido pós-fascista Irmãos da Itália.

Entretanto, o presidente de França, Emmanuel Macron, convocou eleições legislativas antecipadas devido à extensão da vitória do partido de extrema direita Reagrupamento Nacional no seu país.

O chefe de Governo alemão, Olaf Scholz, saiu visivelmente enfraquecido das eleições europeias, nas quais o seu partido foi superado pelo AfD, de extrema direita.

No dia 17 de junho, Von der Leyen tem na agenda um jantar informal com os chefes de Governo da UE, para definir o destino da sua candidatura.

- Guinada à extrema direita -

Já antes das eleições, Von der Leyen tinha aberto a porta a acordos pontuais com os legisladores que respondem a Meloni no Parlamento Europeu, uma declaração que deixou os outros blocos espantados.

Além disso, Macron convocou eleições legislativas antecipadas para 30 de junho e um segundo turno para 7 de julho.

Sendo assim, resta saber se Macron terá margem de manobra política para comprometer o seu apoio a um nome para presidir a Comissão antes dessas eleições.

Com este cenário, Von der Leyen poderia obter cerca de 400 votos na Câmara, confortavelmente além dos 361 necessários. No entanto, o processo é mais complexo, porque antes disso quem aspira a presidir à Comissão Europeia precisa receber o sinal verde do Conselho Europeu.

Uma vez recebido o apoio do Conselho, o nome escolhido é colocado em votação no Parlamento Europeu. Estas votações são secretas, portanto deserções de última hora são comuns.

Mujtaba Rahman, analista do centro Eurasia Group, observou que "há um risco real de que [Von der Leyen] não seja confirmada pelos eurodeputados, dadas as possíveis deserções da centro-direita, centro-esquerda e dos liberais".

Por esta razão, o principal líder do PPE, o alemão Manfred Weber, disse no domingo que o seu partido "oferece uma mão estendida aos social-democratas e liberais e espero um gesto de retorno".

Neste cenário, os votos dos eurodeputados que respondem a Meloni poderiam fazer a diferença entre a vitória e a derrota.

    AFP

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