Membros do Conselho de Segurança da ONU votam para aprovar um projeto de resolução de cessar-fogo em Gaza, desenvolvido pelos Estados Unidos
ANGELA WEISS
Membros do Conselho de Segurança da ONU votam para aprovar um projeto de resolução de cessar-fogo em Gaza, desenvolvido pelos Estados Unidos
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O Conselho de Segurança da ONU aprovou, nesta segunda-feira (10), uma resolução que apoia a proposta de um cessar-fogo em Gaza, em meio a uma intensa campanha diplomática liderada pelos Estados Unidos para pressionar o Hamas a aceitar um acordo.

O texto redigido pelos Estados Unidos, que contou com 14 votos a favor e a abstenção da Rússia, "saúda" uma proposta de trégua e libertação de reféns anunciada em 31 de maio pelo presidente Joe Biden.

A resolução também assegura que Israel já "aceitou" o plano e insta o movimento islamista palestino Hamas a "também aceitá-lo e a ambas as partes a aplicarem plenamente seus termos, sem demora e sem condições".

O Hamas disse nesta segunda-feira que "saúda" o voto do Conselho da ONU a favor da trégua.

O movimento "saúda a resolução do Conselho de Segurança (...) [e] deseja reafirmar sua disposição para cooperar com os irmãos mediadores para estabelecer negociações indiretas sobre a aplicação destes princípios", indicou o Hamas em um comunicado.

Após oito meses de conflito, o plano prevê em uma primeira fase um cessar-fogo de seis semanas acompanhado de uma retirada de Israel das áreas densamente povoadas de Gaza, a libertação de certos reféns sequestrados durante o ataque do Hamas e de prisioneiros palestinos detidos em Israel.

Os Estados Unidos têm sido muito criticados pelo bloqueio, nos últimos meses, de vários projetos de resolução que pediam um cessar-fogo em Gaza.

Mas Biden lançou em maio um novo esforço para conseguir um acordo.

"Hoje votamos pela paz", afirmou a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield.

"Este Conselho enviou uma mensagem clara ao Hamas: aceitem o acordo de cessar-fogo que está sobre a mesa. Israel já aceitou este acordo e os combates poderiam parar hoje se o Hamas fizesse o mesmo", declarou.

O acordo, no entanto, continua sendo uma incerteza, já que os representantes do Hamas insistem em que a proposta deve garantir o fim permanente da guerra, um pedido que Israel rejeita categoricamente.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que pretende continuar o conflito até aniquilar o Hamas, e as divisões políticas em seu país podem complicar os esforços diplomáticos dos Estados Unidos.

- Blinken no Oriente Médio -

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, chegou nesta segunda-feira a Israel, no âmbito de uma viagem pelo Oriente Médio para impulsionar o acordo de trégua.

Após uma primeira etapa no Egito e um encontro com o presidente Abdel Fatah al Sisi, Blinken desembarcou no aeroporto de Tel Aviv, de onde se dirigirá a Jerusalém para se reunir com Netanyahu.

No Cairo, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos instou os países do Oriente Médio a "pressionarem o Hamas" para que aceite um cessar-fogo.

"Acredito firmemente que a maioria esmagadora" dos israelenses e palestinos "quer acreditar em um futuro" em que os povos "viveriam em paz e segurança", acrescentou Blinken.

Apesar dos esforços, os mediadores do conflito, Estados Unidos, Egito e Catar, não conseguiram negociar uma nova trégua desde o cessar-fogo de uma semana em novembro que permitiu a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinos detidos em Israel.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, pelo menos 37.124 palestinos, em sua maioria civis, morreram desde que a guerra eclodiu em 7 de outubro.

Naquele dia, milicianos do Hamas lançaram um ataque sem precedentes em território israelense, matando 1.194 pessoas, em sua maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.

Desde que a guerra estourou, o Conselho de Segurança tem lutado para se expressar de forma unificada sobre o tema.

Após duas resoluções centradas sobretudo na ajuda humanitária, o órgão finalmente exigiu, no fim de março, um "cessar-fogo imediato" durante o Ramadã, em uma votação na qual os Estados Unidos se abstiveram.

    AFP

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