Palestinos caminham em meio à fumaça e à poeira no campo de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, em 8 de junho de 2024
Bashar TALEB
Palestinos caminham em meio à fumaça e à poeira no campo de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, em 8 de junho de 2024
Bashar TALEB

O Exército israelense bombardeou a Faixa de Gaza neste domingo (9), após ter libertado quatro reféns na véspera em uma operação "complexa" em um campo de refugiados, que segundo o movimento islamista palestino Hamas deixou 274 mortos.

Na Cidade de Gaza, no norte do território palestino, quatro membros de uma família foram mortos e outros ficaram feridos em um bombardeio que atingiu sua casa, segundo médicos do hospital Al Ahli.

Testemunhas relataram disparos de helicóptero a leste do campo de refugiados de Al Bureij e disparos de artilharia em Deir al Balah (centro) e em Rafah (sul).

Após oito meses de guerra entre Israel e o Hamas, a libertação de quatro reféns israelenses no sábado reforça a estratégia militar do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que está sob forte pressão internacional e interna por sua gestão do conflito.

A operação mostra que Israel "não se renderá ao terrorismo", comemorou o premiê.

Os reféns, que gozavam de "bom estado de saúde", foram libertados em uma "complexa operação diurna em Nuseirat" no centro de Gaza, segundo o Exército de Israel.

Trata-se de uma mulher — Noa Argamani, de 26 anos — e três homens: Almog Meir Jan, 22; Andrei Kozlov, 27; e Shlomi Ziv, 41.

Todos foram sequestrados no festival de música eletrônica Nova, durante o ataque do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro, segundo os militares israelenses.

O Ministério da Saúde do governo do movimento islamista anunciou, por sua vez, que os ataques de Israel em Nuseirat deixaram pelos menos 274 mortos.

- Deslocados pela terceira vez -

A relatora especial da ONU para os territórios palestinos, Francesca Albanese, disse estar "aliviada" com a libertação dos reféns, mas lamentou que esta tenha ocorrido "às custa de pelo menos 200 palestinos, incluindo crianças, e mais de 400 feridos".

Após agradecer as "numerosas mensagens de apoio", o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, lamentou que "apenas os inimigos de Israel tenham reclamado das vítimas (entre) os terroristas do Hamas e seus cúmplices".

"Continuaremos agindo com determinação e força", acrescentou ele em comunicado.

Em Nuseirat, Khalil Al Tahrawi afirmou ter ouvido tiros e artilharia vindos de seu abrigo. "Os aviões israelenses começaram a nos bombardear (...) para esconder a operação de extração", contou.

Imagens da AFPTV mostraram um cenário de devastação com veículos queimados, edifícios destruídos e homens tentando abrir caminho entre os escombros para apagar as chamas ou ajudar os feridos. Outros estavam agrupados ao lado de corpos enrolados em cobertores.

"Não sabemos o que aconteceu. Estávamos sentados em silêncio e, de repente, ouvimos os bombardeios", contou outra moradora de Nuseirat, que não quis se identificar.

"Esta é a terceira vez que estamos deslocados, sem saber para onde ir", acrescentou.

- "Triunfo milagroso" -

O Fórum das Famílias de Reféns celebrou um "triunfo milagroso" após o anúncio da libertação dos reféns.

"Em casa", diziam as primeiras páginas de dois dos principais jornais israelenses, Yediot Aharonot e Israel Hayom, com uma foto do emocionante encontro entre Noa Argamani e seu pai.

A guerra eclodiu em 7 de outubro, após o ataque do Hamas ao sul de Israel, no qual milicianos islamistas mataram 1.194 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

O grupo fez 251 reféns, dos quais 116 permanecem detidos em Gaza, incluindo 41 que estariam mortos, segundo o Exército israelense.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já matou pelo menos 37.084 pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado desde 2007 pelo Hamas.

Além dos bombardeios e combates, os 2,4 milhões de habitantes de Gaza enfrentam o risco de fome devido à falta de abastecimentos.

Os esforços diplomáticos para uma trégua permanecem paralisados.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, visitará Israel, Egito, Catar e Jordânia nos próximos dias para "promover uma proposta de cessar-fogo" recentemente apresentada pelo presidente Joe Biden, segundo Washington.

    AFP

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