Membros de uma família deslocada observam os danos a uma escola da ONU em Nuseirat, na Faixa de Gaza, destruída por um ataque israelense, em 7 de junho de 2024
Eyad BABA
Membros de uma família deslocada observam os danos a uma escola da ONU em Nuseirat, na Faixa de Gaza, destruída por um ataque israelense, em 7 de junho de 2024
Eyad BABA

O Exército israelense anunciou neste sábado (8) que libertou quatro reféns durante uma "complexa operação diurna" no centro da Faixa de Gaza, uma região atingida por intensos bombardeios há vários dias.

Após oito meses de guerra entre Israel e o Hamas, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, enfrenta pressão internacional pela ofensiva, mas também das famílias dos reféns sequestrados durante o ataque do movimento islamista palestino de 7 de outubro, que desencadeou o conflito.

O Exército de Israel anunciou neste sábado que resgatou quatro reféns israelenses vivos após uma "complexa operação diurna" em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza.

Trata-se de uma mulher — Noa Argamani, de 26 anos — e três homens: Almog Meir Jan, 22; Andrei Kozlov, 27; e Shlomi Ziv, 41.

Todos foram "sequestrados" no festival de música eletrônica Nova e estavam em "boas condições médicas", segundo militares.

As forças de segurança "provaram que Israel não se renderá ao terrorismo e age com criatividade e uma coragem que não conhece limites para trazer para casa os nossos reféns", afirmou o primeiro-ministro em comunicado.

"Noa, Almog, Andrey e Shlomi, estamos muito felizes em recebê-los em casa", disse o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, na rede social X.

Já o Fórum das Famílias dos Reféns celebrou este "triunfo milagroso".

No mesmo dia, a polícia israelense informou a morte do agente Arnon Zmora, que ficou ferido durante a operação.

O Hamas relatou, por sua vez, que pelo menos 210 pessoas foram mortas durante estes ataques israelenses.

"O número de vítimas do massacre da ocupação israelense no campo de Nuseirat aumentou para 210 mártires e mais de 400 feridos", afirmou a assessoria de imprensa do governo do Hamas em comunicado.

Diante deste cenário, o líder do grupo islamista, Ismail Haniyeh, afirmou neste sábado (8) que a "resistência continuará" após confrontos no campo de refugiados.

Em 7 de outubro, combatentes do Hamas atacaram o sul de Israel, matando 1.194 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

No ataque, fizeram 251 reféns, dos quais 116 permanecem detidos em Gaza, incluindo 41 que foram dados como mortos, segundo o Exército israelense.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que deixou pelo menos 36.801 mortos em Gaza, majoritariamente civis, segundo o Ministério da Saúde do território, governado desde 2007 pelo Hamas.

- "Enorme explosão" -

Nos últimos dias, os bombardeios israelenses se concentraram no centro do território palestino, sobretudo em Nuseirat, onde os ataques atingiram, na quinta-feira (6), uma escola da agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) e deixaram 37 mortos, segundo um hospital local.

O Exército israelense alegou ter bombardeado o centro educacional porque este abrigava, secretamente, "uma base do Hamas" e afirmou ter matado "17 terroristas".

Já o grupo islamista acusou as forças de Israel de espalharem "informações falsas".

Antes de anunciar a libertação dos reféns, o Exército israelense informou que estava atacando "infraestruturas terroristas" em Nuseirat.

Um porta-voz do hospital Mártires de Al Aqsa em Deir al Balah, perto daquela localidade, anunciou a morte de 15 pessoas devido a "bombardeios israelenses intensos".

Testemunhas relataram confrontos entre o Exército e os milicianos palestinos nos campos de refugiados de Al Bureij e Al Maghazi.

Os militares israelenses afirmaram em comunicado que atingiram "dezenas de células terroristas e infraestruturas terroristas" durante suas operações em Al Bureij e Deir al Balah.

No norte, cinco pessoas morreram e sete ficaram feridas em um bombardeio aéreo noturno contra uma casa na Cidade de Gaza, segundo um médico e a Defesa Civil do território palestino.

"Ouvimos uma enorme explosão (...) Fomos ao local e descobrimos restos humanos de crianças, mulheres e idosos", contou Mohamad Abu Nahl à AFP.

Vários bombardeios de artilharia atingiram Rafah, uma cidade no extremo sul, na fronteira com o Egito, onde o Exército israelense iniciou operações terrestres no início de maio.

As forças israelenses afirmaram ainda que continuam realizando "operações direcionadas" e descobriram "grandes quantidades de armas".

- Próxima visita de Blinken -

A imprensa israelense afirmou que Benny Gantz, importante membro do gabinete de guerra, deve anunciar sua renúncia neste sábado. No entanto, ele cancelou uma entrevista coletiva pouco antes do anúncio sobre os reféns.

Em 18 de maio, Gantz deu um ultimato a Netanyahu exigindo a adoção de um "plano de ação" para o pós-guerra na Faixa de Gaza. Segundo ele, sem este plano, seria "obrigado a renunciar ao governo".

Os esforços diplomáticos para um cessar-fogo permanecem paralisados, apesar das discussões no Catar esta semana e após o presidente americano, Joe Biden, ter anunciado um roteiro.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, viajará a Israel, Egito, Catar e Jordânia na próxima semana para tentar promover diálogos, anunciou Washington.

Segundo o Wall Street Journal, que cita fontes próximas às negociações, o Catar e o Egito ameaçaram prender e expulsar os líderes do Hamas de Doha, onde residem, caso não aceitem uma trégua com Israel.

    AFP

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