Mulher vota na eleição para o Parlamento Europeu em Baarle-Nassau, sul dos Países Baixos
John Thys
Mulher vota na eleição para o Parlamento Europeu em Baarle-Nassau, sul dos Países Baixos
JOHN THYS

Os eleitores dos Países Baixos abriram nesta quinta-feira (6) a série de votações para renovar o Parlamento Europeu e as autoridades da União Europeia (UE), que enfrenta o avanço da extrema-direita em vários dos 27 países do bloco.

Claudia Balhuizen, a primeira a votar em um dos centros eleitorais do país, afirmou que os temas prioritários são a educação e as questões climáticas, "porque estamos arruinando o planeta".

Para Balhuizen, o avanço do Partido Pela Liberdade (PVV), de ultradireita, liderado por Geert Wilders, é "um alerta".

A funcionária pública Simone Nieuwenhuys disse à AFP que votou no PVV porque deseja que "a UE mude. Não gosto como está, quero uma voz diferente na Europa".

"Penso que chegam muitas pessoas que não são demandantes de asilo. Acho que somos muito abertos. Deveríamos ser mais críticos sobre quem deixamos entrar, porque custa muito dinheiro", acrescentou.

A complexa maratona eleitoral terminará no domingo (9), dia de votação na maioria dos 27 países.

Mais de 370 milhões de pessoas estão aptas a votar no bloco. Os resultados, por país, definirão as 720 cadeiras do novo Parlamento Europeu.

Os legisladores definirão em seguida os titulares das outras duas grandes instituições da UE: a Comissão Europeia (braço Executivo do bloco) e o Conselho Europeu (que representa os países).

A atual presidente da Comissão, a alemã Ursula von der Leyen, é candidata a um novo mandato de cinco anos, com o apoio da bancada do Partido Popular Europeu (PPE), formada por legendas de direita.

As pesquisas indicam um crescimento considerável dos partidos de extrema-direita, uma perspectiva que gera um cenário de incerteza sobre o equilíbrio político dos próximos cinco anos.

A extrema-direita já tem uma forte representação no Parlamento Europeu, embora esteja dividida por sua postura a respeito da própria UE.

Segundo pesquisas, a tendência radical pode conquistar até 25% das vagas em disputa. O percentual é insuficiente para obter maioria, mas tornaria a extrema-direita um interlocutor inevitável para a concretização de acordos importantes.

Os institutos de pesquisa indicam que o PPE permanecerá como a principal bancada do Parlamento, seguido pelo bloque dos Socialistas e Democratas (S&D).

A bancada centrista Renovar Europa e a dos Verdes podem ser as mais afetadas com o avanço da extrema-direita.

- Fim do equilíbrio? -

Caso as urnas confirmem os resultados das pesquisas, o novo cenário pode ameaçar o equilíbrio trilateral – entre PPE, S&D e Renovar Europa –, que nos últimos cinco anos permitiu os grandes acordos fundamentais.

Von der Leyen já abriu a porta para alianças pontuais com os setores da extrema-direita mais inclinados à UE, mas este cenário dificultaria qualquer acordo com os social-democratas, centristas ou Verdes.

Nos Países Baixos, o PVV de Wilders, que obteve uma vitória surpreendente nas eleições legislativas de novembro, deve continuar como a principal força do país nas eleições europeias.

As pesquisas também apontam uma vitória da Reunião Nacional de Marine Le Pen na França, dos pós-fascistas Irmãos de Itália, da primeira-ministra Giorgia Meloni, assim como do partido de extrema-direita Fidesz do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban.

A ultradireita também deve registrar avanços na Alemanha e Polônia.

Na Espanha, o bloco de partidos que denuncia o avanço da extrema-direita chega dividido às eleições.

Le Pen tentará unificar as duas bancadas da extrema-direita, para ter mais influência na agenda e nas decisões do Parlamento.

O interesse fundamental dos eleitores está vinculado às realidades de cada país, mas o denominador comum é a preocupação com a inflação e o custo de vida, a insegurança e a imigração.

Estudos sugerem que a guerra na Ucrânia também tem um lugar de destaque entre as preocupações dos europeus.

Mais de 75% do eleitorado apoia uma política comum de defesa e segurança e, segundo pesquisas da Comissão Europeia, a maioria aprova o envio de equipamentos militares à Ucrânia e as sanções contra a Rússia.

    AFP

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