O presidente de Estados Unidos, Joe Biden, deve anunciar nesta terça-feira (4) o fechamento temporário da fronteira com o México a migrantes, uma medida drástica sobre um tema fundamental para conseguir a reeleição nas presidenciais de novembro.
O líder democrata, de 81 anos, vai assinar um decreto para permitir que as autoridades suspendam a entrada de solicitantes de asilo e migrantes quando superar mais de 2.500 casos em um dia, noticiou a imprensa americana.
Segundo essas notícias, os Estados Unidos poderão deportar migrantes que entrarem no país sem a documentação exigida.
A imprensa americana noticiou que atualmente o número de entradas irregulares diárias é superior ao estabelecido no decreto.
O texto oficial prevê a reabertura da fronteira quando o número de requerentes de asilo for inferior a 1.500 por dia.
Fontes próximas ao governo americano disseram à AFP que há previsão de um anúncio nesta terça-feira, durante uma cerimônia com prefeitos da região da fronteira sul, mas a Casa Branca não confirmou.
"O que posso dizer é que estamos constante e continuamente analisando todas as opções para administrar o sistema de imigração, um sistema afetado há décadas", disse na segunda-feira a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.
- A retórica de Trump -
Biden está tentando mudar sua política de imigração depois que pesquisas de opinião revelaram que esta questão terá muito peso para conseguir a reeleição contra o magnata e ex-presidente republicano Donald Trump (2017-2021).
A equipe de campanha de Trump rejeitou a iniciativa em um comunicado, considerando que não se destina "à segurança das fronteiras", e reforçou a mensagem do republicano de que os imigrantes irregulares são responsáveis pelo aumento dos crimes violentos nos Estados Unidos, acusação sem base em dados oficiais.
O magnata passou seu mandato anunciando a intenção de construir um muro na fronteira com o México e intensificou sua retórica anti-imigração para retornar à Casa Branca.
Mas Jean-Pierre culpou os republicanos no Congresso por não cooperarem com Biden e bloquearem bilhões de dólares em financiamento para políticas fronteiriças. "Eles decidiram optar pela política partidária", alegou.
- Na mira da reeleição -
Biden pretende desarmar os ataques republicanos e cortejar eleitores indecisos preocupados com a situação migratória na fronteira.
Porém, seu plano certamente irritará membros e militantes da ala esquerda do Partido Democrata e é quase certo que será impugnado na Justiça por grupos de direitos civis.
Mais de 2,4 milhões de migrantes cruzaram a fronteira sul dos Estados Unidos apenas em 2023. A maior parte é proveniente da América Central e Venezuela e foge da pobreza, violência e desastres naturais intensificados pela mudança climática.
O número alcançou um recorde de 10.000 pessoas por dia em dezembro, embora este número tenha reduzido nos últimos meses.