O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e sua esposa, Begoña Gómez, participam do comício de encerramento da campanha do PSOE nas últimas eleições gerais, em 21 de julho de 2023 em Getafe
AFP
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e sua esposa, Begoña Gómez, participam do comício de encerramento da campanha do PSOE nas últimas eleições gerais, em 21 de julho de 2023 em Getafe

O cerco judicial está se estreitando em torno da esposa do primeiro-ministro espanhol , Pedro Sánchez, que foi convocada a prestar depoimento no início de julho por ser investigada em um caso de suposta corrupção e tráfico de influência.

Desde que a investigação contra Begoña Gómez foi anunciada, o assunto se tornou um pesadelo para o socialista, que chegou a declarar no final de abril, para surpresa geral, que estava considerando renunciar. Ao final, permaneceu no poder.

O tema escalou nesta terça-feira (4), quando o Tribunal Superior de Justiça de Madri anunciou que Begoña foi convocada para depor como investigada no dia 5 de julho.

"O Juizado de Instrução nº 41 de Madri citou a depor como investigada Begoña Gómez, na sexta-feira, 5 de julho, às 10h", por supostos "crimes de corrupção no setor privado e tráfico de influências", explicou a Justiça em um comunicado.

O governo declarou, por sua vez, que tem "absoluta tranquilidade, porque sabemos que não há nada aqui" contra Gómez, disse a porta-voz do Executivo, Pilar Alegría, em coletiva de imprensa, afirmando ainda que a denúncia se baseia em "mentiras e boatos".

"O que temos aqui é uma campanha de lama da direita e da extrema direita", reforçou a porta-voz.

"Corrupção em Moncloa"

A oposição de direita comemorou a notícia.

"Não há (...) cortina de fumaça que evite que a mulher de Sánchez seja investigada por assinar cartas de recomendação para que o governo conceda contratos a empresários amigos", escreveu na rede social X Cuca Gamarra, secretária-geral do conservador Partido Popular, principal formação de oposição.

"É corrupção em Moncloa (sede do governo). A Espanha merece um presidente digno e Sánchez não é", acrescentou Gamarra.

A convocação foi anunciada após o tribunal ter rejeitado, na semana passada, o pedido do Ministério Público para arquivar a investigação, por falta de elementos "suficientes".

Também teve continuidade apesar de um relatório da Guarda Civil no qual informaram não ter encontrado nenhum crime.

Um tribunal de Madri considerou que havia "indícios de um suposto ato criminoso" e autorizou a continuidade da investigação preliminar.

As investigações contra Begoña Gómez foram iniciadas após a denúncia de um grupo próximo da extrema direita, 'Manos Limpias', que admitiu que se baseou apenas em artigos de imprensa.

"Assédio e destruição"

Ao negar o recurso do Ministério Público, o tribunal limitou o âmbito da investigação, que inicialmente teve como alvo os vínculos entre Gómez e o diretor-geral do grupo turístico espanhol Globalia, no momento em que este negociava auxílios do Governo à sua companhia aérea Air Europa durante a pandemia de covid-19.

Mas a instância judicial de Madri rejeitou esta parte do caso, alegando que partiu de uma base "improvável", e limitou as investigações a contratos públicos adjudicados a um empresário que tinha relações profissionais com Gómez.

No final de abril, Sánchez chamou as acusações contra sua esposa de estratégia de "assédio e destruição" contra o seu governo de esquerda de "meios de comunicação de direita e extrema direita", apoiados pela oposição conservadora.

"Minha esposa é uma profissional honesta, séria e responsável, e meu Governo é um governo limpo", disse Sánchez em uma sessão no Congresso espanhol há duas semanas, afirmando que acredita que a Justiça terminará arquivando as "acusações falsas".

As denúncias contra Gómez provocaram uma crise diplomática com a Argentina no mês passado.

Em visita a Madri para participar de uma convenção do partido de extrema direita Vox, o presidente argentino, o ultraliberal Javier Milei, classificou a esposa de Sánchez como uma "mulher corrupta".

Em resposta, a Espanha retirou "definitivamente" a sua embaixadora na Argentina.

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