Homem caminha ao lado de escombros após bombardeios israelenses no campo de Al Bureij, centro de Faixa de Gaza, em 3 de junho de 2024
AFP
Homem caminha ao lado de escombros após bombardeios israelenses no campo de Al Bureij, centro de Faixa de Gaza, em 3 de junho de 2024

As dúvidas sobre a possibilidade de uma  trégua entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas em Gaza aumentaram nesta segunda-feira (3), três dias após a revelação, por parte da presidência dos Estados Unidos, de um  plano para acabar com quase oito meses de guerra.

Na Casa Branca, o presidente Joe Biden revelou na sexta-feira um plano israelense de três fases que encerraria o conflito, libertaria todos os reféns e levaria à reconstrução do território palestino devastado sem que o Hamas, que governa Gaza desde 2007, esteja no poder.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insistiu, no entanto, que o país prosseguirá com a ofensiva desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro até alcançar "todos os objetivos", incluindo a destruição das capacidades militares e de governo do grupo islamista.

A imprensa de Israel questiona até que ponto o discurso de Biden e alguns detalhes cruciais foram coordenados com a equipe de Netanyahu, como o tempo de duração da trégua e o número de reféns liberados.

Catar, Estados Unidos e Egito, países que atuam como mediadores na guerra, pediram no sábado a Israel e ao Hamas a conclusão do "acordo que incorpora os princípios traçados pelo presidente Joe Biden".

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, felicitou no domingo por telefone o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, pelo plano e declarou que era responsabilidade do Hamas aceitá-lo, segundo o Departamento de Estado.

Os bombardeios e os combates não dão trégua em Gaza, onde a maioria dos 2,4 milhões de habitantes foram deslocados e onde as organizações humanitárias alertam para o risco de fome.

Combates intensos

A guerra começou em 7 de outubro, quando militantes do Hamas mataram 1.189 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Os milicianos também sequestraram 252 pessoas. Israel afirma que 121 continuam em cativeiro em Gaza, incluindo 37 que morreram.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e iniciou uma ofensiva aérea e terrestre que deixou 36.479 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.

Ao menos 19 pessoas morreram em bombardeios durante a madrugada no território cercado, segundo os hospitais.

O Exército israelense afirmou nesta segunda-feira que suas forças atingiram "mais de 50 alvos em Gaza" nos últimos dias.

Segundo a ONU, mais de 137 mil edifícios foram destruídos ou danificados desde o início do conflito, equivalentes a 55% das estruturas de Gaza.

Os combates estão concentrados atualmente em Rafah, cidade no extremo sul do território que, segundo o Exército israelense, abriga os "últimos batalhões" do Hamas, classificado como organização "terrorista" por Estados Unidos, Israel e União Europeia.

O Exército de Israel iniciou uma ofensiva contra esta cidade fronteiriça com o Egito em 7 de maio, o que provocou a fuga de quase um milhão de palestinos, segundo a ONU.

Netanyahu pressionado

Em Israel, Netanyahu, que lidera um frágil governo de coalizão, o mais à direita da história do país, enfrenta pressões crescentes.

Parentes dos reféns organizam grandes manifestações a favor de uma trégua, mas os aliados de extrema-direita de Netanyahu ameaçam dinamitar a coalizão de governo em caso de pausa nos combates.

Segundo Biden, a oferta de Israel começaria com uma fase de seis semanas que incluiria a retirada das tropas israelenses das áreas habitadas de Gaza e uma troca de reféns por presos palestinos.

Os dois lados negociariam então uma trégua duradoura, que prosseguiria durante as conversações. Netanyahu afirmou, no entanto, que a "destruição" do Hamas era parte do plano revelado por Biden.

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