Um membro da comunidade LGBTQIA  agita uma bandeira do arco-íris durante uma parada do orgulho gay em 26 de maio de 2024 em Chiang Mai, norte da Tailândia
Lillian SUWANRUMPHA
Um membro da comunidade LGBTQIA agita uma bandeira do arco-íris durante uma parada do orgulho gay em 26 de maio de 2024 em Chiang Mai, norte da Tailândia
Lillian Suwanrumpha

A comunidade LGBTQIA+ enfrenta um "aumento alarmante" das restrições à liberdade de expressão que se traduzem em censura, prisões e perseguições, denunciou nesta quinta-feira (30) a Ilga World.

Em um relatório que compreende o período entre janeiro de 2023 e abril de 2024, a organização destacou que embora alguns países tenham avançado nos direitos das pessoas LGBTQIA+, este progresso tem sido frequentemente acompanhado de resistência.

"Há uma oposição implacável que mina os avanços alcançados em termos de igualdade de direitos" para a comunidade, observou a ONG.

Dhia Rezki Rohaizad, uma das autoras do relatório Ilga World, denunciou em comunicado "um aumento alarmante das restrições à liberdade de expressão e associação", que se traduz em censura, detenções e perseguições.

A ONG comemorou a tendência mundial para a descriminalização, mas observou que em grande parte da África e em partes da Ásia há uma "regressão perturbadora".

Nos últimos 16 meses, países como a Jordânia, o Quirguistão e Uganda implementaram regras contra a "promoção" da homossexualidade e a Rússia classificou o "movimento LGBT internacional" como "extremista".

Pelo menos 59 Estados-membros da ONU possuem leis, regras e regulamentos que proíbem formas de expressão relacionadas às questões de diversidade sexual e de gênero.

"Até mesmo falar sobre nossas vidas em público está ficando cada vez mais difícil em um número crescente de Estados", diz Julia Ehrt, diretora-executiva da Ilga World.

"Esta tendência é extremamente preocupante: a história nos mostrou em diversas ocasiões que os avanços que os nossos movimentos alcançaram em todo o mundo estão muitas vezes a apenas uma eleição ou a uma crise de serem revertidos", completa.

A ONG contabilizou 62 países que criminalizam atos sexuais consensuais entre pessoas do mesmo sexo e que na Arábia Saudita, Brunei, Mauritânia, Irã, várias províncias da Nigéria, Uganda e Iêmen, estas relações podem ser punidas com a pena de morte.

Em outros cinco Estados — Afeganistão, Paquistão, Catar, Somália e Emirados Árabes Unidos — as pessoas que praticam atos sexuais com indivíduos do mesmo sexo não têm "total segurança jurídica" para não serem punidas com a pena capital.

- Avanços contra as "terapias de conversão" -

A Ilga World destacou que há um aumento dos países que adotaram regras contra as "terapias de conversão" e 16 deles as proíbem a nível nacional, incluindo Bélgica, México, Portugal e Espanha. Na África, em contrapartida, a ideia de utilizar tratamentos para a "readaptação" das pessoas LGBTQIA+ está se espalhando, enquanto na Malásia existem programas públicos para este fim.

A ONG destacou ainda que, apesar do retrocesso, cinco Estados-membros da ONU adotaram o reconhecimento legal de gênero com base no princípio da autoidentificação: Equador, Finlândia, Alemanha, Nova Zelândia e Espanha, além do estado de Yucatán, no México.

Outro progresso notável é que nove países possuem agora garantias nacionais contra intervenções desnecessárias e não consensuais em menores intersexo e que o Chile, a Espanha e jurisdições como o Território da Capital Australiana e as Ilhas Baleares, na Espanha, se juntaram à lista.

A Ilga World também comemorou que atualmente 35 nações reconhecem os casamentos entre pessoas do mesmo sexo, com as reformas em Andorra, Estônia, Grécia e Eslovênia, e que a Bolívia e a Letônia legalizaram as uniões civis.

    AFP

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