O Parlamento da Geórgia superou, nesta terça-feira (28), o veto da presidente pró-Ocidente e adotou uma lei sobre "influência estrangeira", desafiando a oposição e a União Europeia, que temem que ampare uma repressão a opositores, como uma lei russa semelhante.
O veto foi estabelecido em 18 de maio pela mandatária Salome Zurabishvili e o presidente do Parlamento, Chalva Papuchvili, havia indicado que os membros do partido no poder, Sonho Georgiano, com maioria na câmara, "certamente superarão o veto".
O Parlamento adotou a lei por 84 votos contra 4, apesar dos protestos nas ruas e os alertas da UE e dos Estados Unidos de que a medida afeta a intenção da Geórgia de ingressar no bloco europeu.
Seus críticos, que se manifestaram aos milhares desde o início de abril, descrevem o texto como "lei russa" devido à semelhança com a legislação sobre "agentes estrangeiros" aplicada para reprimir vozes dissidentes na Rússia desde 2012.
Após o anúncio da votação desta terça-feira, manifestantes reuniram-se em frente ao Parlamento em Tbilisi, muitos carregando bandeiras da Geórgia e da Europa.
A oposição georgiana e a União Europeia consideram a legislação incompatível com as ambições da ex-República Soviética do Cáucaso de aderir à União Europeia e que, ao contrário, a aproxima de Moscou.
A lei, aprovada pelo Parlamento em 14 de maio, antes do veto, prevê que todas as ONGs e meios de comunicação com mais de 20% de seu financiamento de origem estrangeira devem ser registradas como "organização que atende interesses de uma potência estrangeira" e sejam submetidas ao controle administrativo.
Em Bruxelas, a União Europeia expressou em um comunicado que lamentava "profundamente" que o Parlamento tenha decidido anular o veto da presidente.
A UE concedeu à Geórgia a condição de país candidato à adesão ao bloco, mas em nota assinada pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirma que a lei adotada é "contrária aos princípios e valores centrais" da UE.
"Pedimos às autoridades georgianas que invistam nesta tendência e retornem com firmeza ao caminho da UE", afirmou a declaração.
A nota acrescentou que "ainda há tempo para mudar a dinâmica, mas é preciso um forte compromisso por parte das autoridades".
De acordo com Borrell, "a UE e seus Estados-membros estão considerando todas as opções para reagir a estes acontecimentos".