Israel bombardeia a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 28 de maio de 2024
Eyad BABA
Israel bombardeia a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 28 de maio de 2024
Eyad Baba

A Defesa Civil de Gaza afirmou que um bombardeio israelense deixou 21 mortos em um campo de deslocados em Rafah, embora o Exército de Israel negue ter realizado este ataque, apenas dois dias depois de uma operação que matou 45 deslocados pela guerra contra o Hamas.

Muhammad al Mughair, um dirigente da Defesa Civil palestina, garantiu à AFP que pessoas morreram no “bombardeio da ocupação contra tendas de campanha de deslocados no oeste de Rafah”.

O movimento islamista Hamas, que governa Gaza desde 2007 e contra o qual Israel trava uma guerra há mais de sete meses, confirmou o número de mortos de pelo menos 21 e acrescentou que 64 pessoas ficaram feridas.

O Exército israelense negou os relatos e garantiu que “não bombardeou a zona humanitária de Al Mawasi”, em referência a uma área designada em maio, após o início da ofensiva terrestre em Gaza, para acomodar os deslocados de Rafah.

No domingo, um bombardeio no campo de deslocados de Barkasat, nos arredores de Rafah, causou um incêndio e matou 45 pessoas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

O Conselho de Segurança da ONU realizará uma reunião urgente nesta terça-feira (28), a pedido da Argélia, para discutir a situação em Rafah após o bombardeio.

A poucas horas do início das discussões, Irlanda, Espanha e Noruega reconheceram a Palestina como um Estado.

Israel garante que o número de vítimas do atentado de domingo poderia ter outras explicações. “As nossas munições por si só não poderiam ter iniciado um incêndio de tal proporção”, disse o porta-voz do Exército, Daniel Hagari.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, classificou o atentado como "um acidente trágico", mas insistiu na necessidade de continuar a ofensiva para destruir o Hamas e libertar os reféns.

- Tanques israelenses em Rafah -

A Corte Internacional de Justiça (CIJ), o mais alto tribunal da ONU, ordenou na sexta-feira que Israel suspendesse as operações em Rafah. Essa decisão não obteve grandes resultados até agora e os tanques israelenses chegaram nesta terça-feira ao centro da cidade, que fica na fronteira com o Egito e é o principal ponto de entrada de ajuda humanitária para os 2,4 milhões de palestinianos que vivem na Faixa de Gaza.

Os blindados foram posicionados “na rotatória de Al Auda, no centro da cidade”, disse Abdel Khatib, de 40 anos. Uma fonte de segurança confirmou ter visto os tanques.

Faten Juda, uma mulher de 30 anos do bairro de Tal al Sultan, onde ocorreu o atentado de domingo, disse que não dormiu a noite toda por causa dos disparos.

"Foi horrível. Vimos todos fugindo novamente. Nós também vamos partir, tememos pelas nossas vidas", disse à AFP.

De acordo com a agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA), um milhão dos 1,4 milhão de civis que estavam na cidade fugiram de Rafah desde que Israel iniciou a operação terrestre no começo de maio.

“Não existe mais um lugar seguro em Gaza. Este horror deve parar”, denunciou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, na segunda-feira.

- Reconhecimento da Palestina -

O conflito eclodiu em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram mais de 1.170 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Os combatentes também sequestraram 252 pessoas. Israel afirma que 121 continuam retidas em Gaza, incluindo 37 que teriam morrido no cativeiro.

Em resposta, o governo israelense lançou uma ofensiva aérea e terrestre contra Gaza que até agora deixou 36.096 mortos, a grande maioria deles civis, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.

Um correspondente da AFP relatou bombardeios e disparos de artilharia em vários bairros da cidade de Gaza, no norte do território.

A milícia Jihad Islâmica Palestina divulgou um vídeo na terça-feira mostrando um refém, identificado pela mídia israelense como Sasha Trupanov, de 28 anos.

- Pressão internacional -

A pressão contra a ofensiva israelense se intensificou após mais de sete meses de guerra.

Espanha, Irlanda e Noruega reconheceram oficialmente a Palestina como um Estado.

O governo israelense classificou esta iniciativa como uma “recompensa” para o Hamas, organização considerada terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.

Com a decisão dos três países europeus, o Estado da Palestina é reconhecido por 145 dos 193 Estados-membros da ONU, embora a lista não inclua a maioria das potências ocidentais.

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, declarou que este reconhecimento é uma “necessidade” para “alcançar a paz” entre israelenses e palestinos, além de “uma questão de justiça histórica” para o povo palestino.

Em resposta, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, acusou a Espanha de ser "cúmplice na incitação ao assassinato do povo judeu", enquanto o governo israelense retirou seus enviados diplomáticos de Madri, Dublin e Oslo.

    AFP

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