O Exército de Israel e o Hamas travam combates intensos nesta sexta-feira (17) no norte da Faixa de Gaza, um dia após o governo israelense anunciar uma "intensificação" das operações em Rafah, no sul do território, apesar da preocupação internacional com a população civil.
Após mais de sete meses de guerra, as forças de Israel e do movimento islamista palestino se enfrentam no campo de refugiados de Jabalya, no norte do território, que também é alvo de bombardeios aéreos e disparos de artilharia, segundo testemunhas.
Seis pessoas morreram, segundo a Defesa Civil palestina, cujas equipes tentam socorrer os moradores presos sob os escombros.
No extremo sul do território palestino, em Rafah, as brigadas Ezedin al Qasam, o braço armado do Hamas, anunciaram ataques contra as unidades israelenses "mobilizadas no posto de fronteira" com o Egito.
A costa desta cidade, onde centenas de milhares de pessoas deslocadas pelo conflito estão aglomeradas, está sob ataques da Marinha israelense, afirmaram testemunhas, após bombardeios noturnos que deixaram vários feridos, segundo um hospital da cidade.
Treze países, incluindo Reino Unido, Alemanha, França, Canadá e Japão, pediram a Israel que não inicie uma ofensiva em larga escala em Rafah, algo que, afirmam, "teria consequências catastróficas para a população civil".
"Apelamos ao governo de Israel a permitir a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza através de todos os pontos de fronteira pertinentes, incluindo Rafah", afirma a nota com o pedido.
- Batalha "decisiva" -
O Ministério da Defesa de Israel anunciou na quinta-feira que "mais tropas entrarão em Rafah" e "a atividade (militar) será mais intensa".
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que a "batalha de Rafah" será "decisiva". Também disse que os últimos batalhões do movimento islamista palestino estão na cidade.
A guerra começou em 7 de outubro, com o ataque executado pelo Hamas no sul de Israel, que matou mais de 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais israelenses.
Mais de 250 pessoas foram sequestradas e 128 permanecem em cativeiro em Gaza, das quais o Exército acredita que 38 morreram.
Um porta-voz militar israelense, Nadav Shoshani, disse que "há reféns em Rafah".
"Trabalhamos para criar as condições para trazê-los para casa", acrescentou.
A vasta ofensiva de represália de Israel na Faixa de Gaza matou mais de 35.303 pessoas, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa o território palestino desde 2007.
No segundo dia de audiências na Corte Internacional de Justiça, principal jurisdição da ONU com sede na cidade de Haia (Países Baixos), Israel respondeu às acusações da África do Sul de que as tropas israelenses intensificaram uma campanha de "genocídio" em Rafah.
Os advogados de Israel afirmaram que a acusação sul-africana é "totalmente desconectada dos fatos e das circunstâncias".
- Primeiro carregamento de ajuda humanitária -
Desde que o Exército ordenou aos civis que abandonassem a zona leste de Rafah, em 6 de maio, "600.000 pessoas fugiram" da cidade, segundo a ONU.
Os civis palestinos continuam fugindo da área e de outros bairros da cidade, onde antes da operação israelense estavam aglomerados quase 1,4 milhão de moradores de Gaza deslocados de outros pontos do território.
Netanyahu disse que Israel evitou uma "catástrofe humanitária" em Rafah, temida pela comunidade internacional, graças ao fato de que "quase meio milhão de pessoas deixaram a área de combates".
A ONU e várias ONGs alertam para o risco de fome na Faixa de Gaza, onde vivem quase 2,4 milhões de pessoas, 70% delas forçadas ao deslocamento desde o início do conflito.
A passagem de fronteira de Rafah, crucial para a entrada de suprimentos em Gaza, permanece fechada desde o início da operação israelense, em 7 de maio.
O Exército de Israel afirmou, no entanto, que 365 caminhões de ajuda humanitária entraram no território através das passagens de fronteira de Kerem Shalom e Erez.
Em um esforço internacional para driblar as restrições de acesso por terra impostas por Israel, os Estados Unidos instalaram um cais temporário na costa da Faixa de Gaza que recebeu nesta sexta-feira o seu primeiro carregamento de ajuda.
O governo americano espera que quase 500 toneladas de ajuda entrem no território palestino nos próximos dias.