O presidente americano, Joe Biden, na Casa Branca, em 15 de maio de 2024
WIN MCNAMEE
O presidente americano, Joe Biden, na Casa Branca, em 15 de maio de 2024
WIN MCNAMEE

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, recusou, nesta quinta-feira (16), entregar a gravação do seu depoimento a um promotor especial, o que provocou uma enxurrada de comentários sobre sua memória e agilidade mental.

Os congressistas republicanos exigem as fitas do depoimento que Biden deu em outubro ao promotor especial Robert Hur, que o investigou por posse de documentos confidenciais.

Em fevereiro, Hur concluiu que as acusações não eram justificadas, mas disse que Biden, de 81 anos, tinha “precisão e memória limitadas” e que um júri provavelmente o consideraria “um idoso simpático, bem-intencionado e com má memória”.

O Departamento de Justiça e o conselho da Casa Branca informaram aos comitês da Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos, que Biden se valerá do privilégio executivo para não entregar as gravações.

Os republicanos querem se concentrar na idade de Biden durante a campanha para eleições presidenciais de novembro, nas quais o democrata terá como adversário seu antecessor, Donald Trump, de 77 anos.

O advogado da Casa Branca, Ed Siskel, garante que Biden faz uso do privilégio executivo para proteger a “integridade, eficácia e independência do Departamento de Justiça e das suas investigações sobre a aplicação da lei”.

Os republicanos de dois comitês da Câmara devem apresentar resoluções nesta quinta-feira que declaram que o procurador-geral Merrick Garland desrespeita o poder de investigação do Congresso, depois de o Departamento de Justiça se recusar a entregar as fitas.

- Propósitos "partidários" -

Os republicanos do comitê judicial acreditam que a rejeição tem motivação política para proteger o presidente.

Mas o departamento já divulgou transcrições das declarações e argumenta que os republicanos querem que as fitas sejam simplesmente usadas em anúncios de campanha de apoio a Trump.

“A ausência de uma necessidade legítima das gravações de áudio expõe o seu provável propósito: dissecá-las, distorcê-las e utilizá-las para fins político-partidários”, disse Siskel em uma carta aos comitês.

Hur, nomeado por Garland em janeiro de 2023 para investigar Biden, concluiu que o mandatário reteve indevidamente documentos confidenciais após o término do seu mandato como vice-presidente, em 2017, mas que acusações criminais não se justificavam.

“Para determinar se o procurador especial aplicou a justiça de maneira adequada ao não processar – e ao não recomendar a acusação – o presidente, as gravações são necessárias”, disse o presidente do Comitê Judiciário, Jim Jordan, quando o painel começou a considerar a citação por desacato a Garland.

“As transcrições por si só não são prova suficiente do estado da memória do presidente, francamente, porque a Casa Branca tem um histórico de adulteração de transcrições”, acrescentou.

O congressista democrata Jerry Nadler acusou Jordan de desperdiçar 20 milhões de dólares em “suas várias teorias da conspiração” visando Biden para desviar a atenção das irregularidades cometidas por Trump, que enfrenta 88 acusações criminais, quase metade delas pela suposta retenção de documentos confidenciais.

“O promotor especial realmente inocentou Biden de qualquer irregularidade”, disse Nadler. A reunião do comitê de supervisão foi adiada para 20h locais de sexta-feira (21h no horário de Brasília).

Os republicanos da Câmara também investigam Biden por suposta corrupção, mas as audiências realizadas até agora não provaram que o líder democrata tenha cometido qualquer crime.

    AFP

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