Pôster do 77º Festival de Cinema de Cannes, às vésperas de sua abertura, em 13 de maio de 2024
VALERY HACHE
Pôster do 77º Festival de Cinema de Cannes, às vésperas de sua abertura, em 13 de maio de 2024
Valery HACHE

A maré do movimento #MeToo para denunciar abusos no cinema estourou com força nesta segunda-feira (13), às vésperas do início do 77º Festival de Cannes, repleto de estrelas de Hollywood.

Ceebridades como Francis Ford Coppola, Richard Gere, George Lucas, Meryl Streep e Demi Moore desfilarão e serão homenageadas no importante evento anual. Mas a onda francesa do #MeToo ameaçou ofuscar o início do concurso.

A presença da nova heroína do movimento na França, a atriz Judith Godrèche, que denunciou dois cineastas que supostamente abusaram dela na adolescência por estupro, atrai todos os olhares. Na Croisette, correm rumores sobre uma suposta lista de estrelas do cinema francês que poderiam ser acusadas em público.

Godrèche, que apresentará um curta-metragem realizado após receber centenas de depoimentos de supostas vítimas no último ano, garantiu na rede social X que não tem intenção de divulgar nenhuma lista.

A atriz se juntou nesta segunda-feira a um protesto de pouco mais de uma centena de pessoas em frente à sede do Centro Nacional de Cinematografia (CNC), em Paris, para pedir a demissão do seu presidente, Dominique Boutonnat, acusado de agressão sexual.

Boutonnat nega as acusações, enquanto o CNC garantiu que não pretende abordar o assunto até o próximo mês. Também paira sobre o festival uma possível greve convocada por uma pequena associação de trabalhadores de festivais culturais na França.

Este grupo se mobilizou em resposta às mudanças no sistema de proteção social que beneficiam os trabalhadores temporários do setor e que entram em vigor em julho.

O Festival de Cinema de Cannes se declarou aberto a um “diálogo” sobre a reivindicação, que na realidade ultrapassa suas competências.

- Fuga de diretor iraniano -

Além das reivindicações, Cannes pode estar envolvido em uma polêmica política neste ano. Um dos seus candidatos à Palma de Ouro, o iraniano Mohammad Rasoulof, na disputa por “As sementes do figo sagrado”, deixou clandestinamente o seu país, onde foi condenado na semana passada a uma pena de cinco anos de prisão.

Assediado durante anos pelo regime, Rasoulof revelou num vídeo que tinha atravessado a fronteira. "Confirmo que Mohammad Rasoulof deixou o Irã e participará do Festival de Cinema de Cannes", disse à AFP o seu advogado, Babk Paknia.

A competição começa na terça-feira com um filme francês de Quentin Dupieux, um célebre autor de comédias, e a entrega de uma Palma de Ouro honorária à atriz americana Meryl Streep.

A partir daí, o concurso apresentará um longo desfile de estrelas e filmes aguardados, tanto dentro como fora da competição pela Palma.

- A megalomania de Coppola -

Aos 85 anos, Coppola chega como candidato ao terceiro prêmio em Cannes com “Megalopolis”, filme sobre um arquiteto sonhador e ambicioso (Adam Drive), símbolo de seu próprio excesso no cinema: um orçamento de pelo menos 120 milhões de dólares, pelos quais teve que vender parte de suas propriedades.

Outros nomes dessa geração de cineastas, conhecida como "Nova Hollywood", são Paul Schrader, que triunfou com “American Gigolo” e que regressa a Cannes com “Oh, Canada”, novamente com Richard Gere.

O criador de “Star Wars”, George Lucas, também será homenageado.

E outro cineasta de sua geração, George Miller, pai de “Mad Max”, apresenta “Furiosa” fora de competição, mais um capítulo da saga, com a estrela Anya Taylor-Joy.

A competição também conta com propostas mais inovadoras, como a francesa Agathe Riedinger, que chega com seu primeiro longa debaixo do braço: “Diamant Brut”.

O francês Jacques Audiard apresenta uma comédia musical ambientada no México, com Selena Gomez no elenco, sobre um traficante que quer mudar de gênero.

O único representante ibero-americano na competição é o brasileiro Karim Ainouz (“Firebrand”), que apresenta “Motel Destino”.

Cannes também receberá a chama olímpica no dia 21 de maio, a caminho de Paris para os Jogos Olímpicos, em meio a uma grande operação de segurança.

    AFP

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