Michael Cohen em Manhattan em 19 de março de 2021
Michael M. Santiago
Michael Cohen em Manhattan em 19 de março de 2021
Michael M. Santiago

Michael Cohen, outrora fiel colaborador e homem de confiança de Donald Trump, deve subir nesta segunda-feira (13) à tribuna das testemunhas e a expectativa é de que revele os detalhes do pagamento que fez a uma ex-atriz pornô declarado como despesas legais, o que levou o ex-presidente à Justiça.

Depois do depoimento de Stormy Daniels na semana passada, Cohen é a testemunha mais importante da acusação, que tenta comprovar que o ex-presidente falsificou registros contábeis para ocultar o pagamento à ex-atriz na reta final das eleições de 2016.

Cohen afirma que, a pedido de seu então chefe, pagou de seu bolso 130 mil dólares a Daniels (684 mil reais na cotação atual) para comprar seu silêncio sobre uma relação sexual ocorrida em 2006, negada pelo magnata. Quando já era presidente, Trump o reembolsou de maneira parcelada, simulando despesas legais, segundo a Promotoria.

O ex-advogado, apelidado "pitbull" pela forma como defendia seu ex-chefe, já se declarou culpado e foi condenado a três anos de prisão - cumpriu apenas 13 meses e um ano e meio de prisão domiciliar - por mentir ao Congresso e por crimes financeiros e eleitorais.

Em una semana difícil para Trump, de 77 anos, que aspira voltar à Casa Branca nas eleições de novembro, Daniels contou com detalhes sua suposta noite com o magnata durante um torneio de golfe para ricos: desde seu pijama, suas roupas íntimas, a posição sexual e que não possuía preservativo.

Detalhes que a defesa considerou irrelevantes para o caso e pelos quais pediu ao juiz Juan Merchan a anulação do julgamento por duas vezes, sem sucesso.

Ao longo de três semanas, o júri que selará o destino do magnata em plena campanha eleitoral ouviu várias declarações de que Cohen era uma pessoa difícil, que intimidava, persuadia os outros para conseguir o que queria.

Para os advogados da defesa, ele é um mentiroso patológico e um criminoso convicto.

- "Respaldado por documentos" -

"Tudo o que disse está respaldado por documentos", afirmou à AFP uma fonte próxima a Cohen, que confirmou sua presença nesta segunda-feira no tribunal de Manhattan.

Se a semana passada foi complicada para o magnata, proibido pelo juiz Merchan de falar com as testemunhas em público, a semana que começa pode ser pior com o depoimento de Cohen, uma das duas últimas testemunhas que a acusação pretende chamar.

Sua relação se desgastou após o acordo secreto com Daniels tornar-se público em 2018. O magnata chamou Cohen de "rato", que chamou o republicano de "chefão da mafia".

Trump, que se diz vítima de uma "caça às bruxas", falou no sábado em um comício em Nova Jersey, e criticou novamente o juiz, chamando-o de "impedido" e o promotor do tribunal de Manhattan, Alvin Bragg, de "democrata radical".

Além do caso de Nova York, Trump foi acusado em Washington e na Geórgia de tentar reverter o resultado da eleição de 2020 e de levar documentos confidenciais ao deixar a Casa Branca em 2021, embora este julgamento tenha sido adiado e não tenha data prevista.

    AFP

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