Dois turistas tiram foto na Plaza de Cataluña, em Barcelona, em 13 de abril de 2024
PAU BARRENA
Dois turistas tiram foto na Plaza de Cataluña, em Barcelona, em 13 de abril de 2024
Pau Barrena

A Catalunha realiza neste domingo (12) eleições regionais com repercussão nacional. Estas são cinco questões essenciais sobre esta rica região do nordeste de Espanha, governada há quase dez anos pelos independentistas e dotada de ampla autonomia.

- Tentativa de secessão -

A Catalunha dominou as manchetes da imprensa internacional quando o governo regional de Carles Puigdemont organizou um referendo de autodeterminação em 1º de outubro de 2017, desobedecendo uma proibição judicial.

Ainda naquele mês, o Parlamento regional declarou unilateralmente a independência da Catalunha, o que levou o governo espanhol a suspender imediatamente sua autonomia e destituir seu Executivo.

Os principais líderes separatistas foram presos ou fugiram para o exterior para evitar a Justiça, como foi o caso de Puigdemont.

Essa crise, uma das piores desde que a Espanha voltou à democracia quase meio século atrás, continua a pesar sobre a política nacional.

No poder desde meados de 2018, o socialista Pedro Sánchez conseguiu a reeleição em novembro do ano passado com o apoio dos dois principais partidos independentistas catalães.

Em troca, eles obtiveram uma lei de anistia para os separatistas envolvidos nos eventos de 2017.

O texto, que será adotado de forma definitiva nas próximas semanas, deve permitir que Puigdemont retorne à Catalunha após seis anos e meio no exterior.

- Independentistas no poder -

No início da década de 2010, em plena crise financeira, o então presidente regional, o nacionalista e conservador Artur Mas, adotou uma postura pró-independência, um sentimento que crescia entre a população.

Puigdemont, um fervoroso separatista do mesmo partido, o substituiu no início de 2016 à frente da região, que liderou até a tentativa fracassada de secessão em 2017.

Desde então, os separatistas conseguiram manter uma maioria no Parlamento catalão.

Nas últimas eleições, em 2021, conquistaram 74 assentos de um total de 135. No entanto, suas diferenças levaram o partido de Puigdemont, Juntos pela Catalunha, a abandonar o governo em outubro de 2022, deixando sozinha no poder a Esquerda Republicana da Catalunha.

O campo independentista, que vai desde a extrema esquerda até o centro-direita, viu surgir nos últimos meses uma nova formação de extrema direita, a Aliança Catalã, que, segundo pesquisas, poderia obter 3% dos votos neste domingo.

- Grande autonomia -

Numa Espanha altamente descentralizada, a Catalunha, com cerca de 8 milhões de habitantes, é uma das regiões com maior grau de autonomia.

Além de gerenciar saúde e educação como as outras regiões, possui sua própria polícia, os Mossos d'Esquadra, e recentemente recebeu o controle do transporte ferroviário regional.

Como parte do acordo para a reeleição de Sánchez, os socialistas prometeram "medidas que permitam a autonomia financeira" da Catalunha, enquanto o partido de Puigdemont pede a transferência da gestão de 100% dos impostos pagos na região.

- Motor econômico -

A Catalunha é a segunda região mais rica da Espanha e representa 19% do PIB nacional, atrás apenas de Madri (19,4%), que assumiu a liderança após a tentativa de secessão de 2017.

A região, que abriga as sedes de empresas como Mango (setor têxtil), Puig (cosméticos), Grifols (farmacêutica) e Cellnex (telecomunicações), é de longe a líder em termos de exportações na Espanha, com 26,1% do total nacional.

Como pulmão industrial do país, sua taxa de desemprego de 10,4% é significativamente inferior à média nacional, que é de 12,3%.

- Língua -

O catalão é a língua oficial da região, junto com o espanhol. O ensino é ministrado principalmente nesse idioma, que também é usado habitualmente na administração.

Segundo dados divulgados pelo governo regional no ano passado, 86,8% dos habitantes da região entendem bem o catalão, língua materna de 29,2% deles.

Temendo uma diminuição no seu uso, os separatistas o defendem com vigor, e em 2023 conseguiram a possibilidade de usar o catalão no Parlamento espanhol.

    AFP

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