O ex-presidente Donald Trump fala com a imprensa antes de entrar na sala de audiências da Suprema Corte de Manhattan
Peter Foley
O ex-presidente Donald Trump fala com a imprensa antes de entrar na sala de audiências da Suprema Corte de Manhattan
Peter Foley

O juiz do histórico julgamento de Donald Trump ameaçou nesta segunda-feira (6) o ex-presidente com uma ordem de prisão se ele continuar violando a ordem que o proíbe de insultar testemunhas, o júri e funcionários do tribunal.

O juiz Juan Merchan lhe impôs uma nova multa de 1.000 dólares, que se soma a outra pena de 9.000 dólares (45,5 mil reais) por nove violações anteriores da ordem judicial que o proíbe de fazer referência a qualquer coisa relacionada com o julgamento nas suas redes sociais.

Desta vez, Trump foi multado por ter criticado em uma entrevista a velocidade (uma semana) com a qual se escolheu o júri e sua suposta composição em uma cidade majoritariamente democrata.

"No fim do dia, tenho um trabalho a fazer e parte desse trabalho é manter a dignidade do sistema de justiça", disse o magistrado, qualificando as críticas de Trump como "um ataque direto ao Estado de direito."

O juiz reconheceu que prender o magnata por desacato seria uma decisão importante e um desafio logístico.

Como ex-presidente, Trump recebe proteção do Serviço Secreto dos Estados Unidos 24 horas por dia.

"A última coisa que quero é te prender", disse Merchan, que também mostrou preocupação em relação às pessoas que teriam que executar uma possível ordem de prisão contra Trump.

O magnata, de 77 anos, é acusado de 34 falsificações de documentos comerciais para reembolsar o seu então advogado pessoal Michael Cohen com o pagamento de 130 mil dólares (R$ 684 mil na cotação atual) para comprar o silêncio da ex-atriz pornô Stormy Daniels poucos dias antes das eleições de 2016, vencidas por ele contra a democrata Hillary Clinton.

Espera-se que Daniels, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, e Cohen, o ex-advogado de Trump que se tornou inimigo declarado de seu ex-chefe, testemunhem em algum momento na sala de audiências do Tribunal Superior de Manhattan, onde o julgamento está sendo realizado.

Ao longo das duas primeiras semanas, várias testemunhas depuseram, expondo as manobras e negociações em uma tentativa de encobrir notícias potencialmente negativas para a campanha presidencial do magnata do setor imobiliário de Nova York, que pretende vencer a eleição presidencial de novembro próximo.

Mas talvez um dos mais prejudiciais para Trump tenha sido o depoimento de sua ex-assessora Hope Hicks, que na sexta-feira explicou como teve de administrar a “crise” quando veio à tona uma gravação em que o magnata se gabava de que alguém famoso como ele podia se permitir qualquer coisa para conquistar mulheres, como tocar seus órgãos genitais sem que elas hesitassem.

- "Crise" -

Os promotores então chamaram Jeffrey McConney, um executivo da Trump Organization que explicou aos jurados sobre os reembolsos a Cohen pelo dinheiro pago a Daniels por seu silêncio.

Espera-se que Daniels, 45, e Cohen, 57, testemunhem em algum momento durante o julgamento que ocorre no Tribunal Superior de Manhattan.

Hope Hicks, antiga assessora de Trump, falou na semana passada sobre a “crise” que atingiu a campanha presidencial de 2016, depois do surgimento de uma gravação na qual o magnata se gabava de que alguém famoso como ele 'poderia se permitir qualquer coisa para conquistar as mulheres', inclusive tocar em suas genitálias.

Hicks reconheceu que estava "um pouco confusa" por aquela gravação denominada "Access Hollywood".

"Todos estávamos de acordo de que o filme era prejudicial, era uma crise", disse Hicks, que foi uma peça-chave nas etapas finais da bem-sucedida campanha presidencial de Trump em 2016, quando supostamente os pagamentos a Daniels foram realizados.

De acordo com os promotores, o pânico em relação à gravação desencadeou um esforço da campanha de Trump para silenciar Daniels, que ameaçou tornar público um suposto caso extraconjugal que ela teria tido em 2006 com o magnata, o que ele sempre negou.

O pagamento em si não é um crime. Mas Trump é acusado de disfarçá-lo como honorários advocatícios para seu advogado.

Em meio à campanha eleitoral, Trump se considera vítima de uma “caça às bruxas” e de uma conspiração legal dos democratas, liderados pelo atual presidente Joe Biden, para impedi-lo de fazer o tão sonhado retorno à Casa Branca.

Além do caso de Nova York, Trump foi acusado em Washington e na Geórgia de conspirar para anular os resultados da eleição de 2020, vencida por Biden, e de levar para sua casa na Flórida documentos ultrassecretos que poderiam comprometer a segurança do estado no final de sua presidência em 2021.

    AFP

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