Donald Trump esboçou como seria um eventual segundo mandato de presidente, em uma entrevista publicada nesta terça-feira (30) pela revista Time: aval para que os estados proíbam o aborto, mobilização do Exército para a deportação de migrantes e ajuda militar condicionada para os aliados dos Estados Unidos.
O magnata republicano, que deverá enfrentar o presidente democrata Joe Biden nas eleições de novembro, respondeu às perguntas em uma entrevista em duas partes, uma realizada em sua residência na Flórida e outra por telefone, sobre o que faria em caso de vitória.
Um dos entrevistadores mencionou a interrupção voluntária da gravidez, um dos principais temas de campanha. Trump, de 77 anos, que atualmente é processado em Nova York em uma das muitas investigações abertas contra ele, se esquivou da pergunta sobre se vetaria uma lei federal que restringe duramente o direito ao aborto.
"Não tenho que vetá-la porque agora tudo volta para os estados", disse o ex-presidente, em referência à sentença de 2022 da Suprema Corte, que pôs fim à proteção federal do direito ao aborto e devolveu essa competência aos governos estaduais.
Trump também não viu problema na possibilidade de os estados monitorarem a gestação das mulheres para garantir que a proibição do aborto seja respeitada. "Acredito que poderiam fazê-lo", disse.
Em relação à imigração, outro dos temas centrais das eleições, o republicano repetiu que realizaria deportações em massa de migrantes ilegais.
"A Guarda Nacional deveria poder fazer isso. Se não puderem, eu usaria o Exército", declarou à revista Time.
"Eles não são civis. São pessoas que não estão legalmente em nosso país. Isso é uma invasão", enfatizou Trump, após um entrevistador lembrar que as leis locais impedem o uso do Exército contra a população civil em solo americano.
Trump garantiu que "não descartaria nada" em relação à criação de campos de detenção de migrantes, mas acredita que não serão necessários, porque seu programa de deportação terá êxito.
- Ucrânia -
Em relação à economia, o ex-presidente disse que previa tarifas alfandegarias de "mais de 10%" sobre todas as importações.
E sobre a ajuda à Ucrânia, Trump afirmou: "Não darei [mais ajuda] se a Europa não fizer tanto quanto" os Estados Unidos.
O republicano também acredita que, caso a Coreia do Sul queira que os soldados americanos estacionados em seu território permaneçam, terá que pagar mais: "Por que deveríamos defender alguém? E estamos falando de um país muito rico".
"Acredito que o inimigo interno é, em muitos casos, muito mais perigoso para nosso país que os inimigos estrangeiros como China, Rússia e outros", afirmou o magnata, que em várias ocasiões chegou a elogiar líderes autoritários.
Ele acrescentou que está "absolutamente" disposto a indultar todos os condenados por invadir o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, durante a tentativa de impedir que o Congresso certificasse a vitória de seu rival, Joe Biden, nas eleições.
Questionado sobre a possibilidade de conflito social após as eleições de 5 de novembro, Trump, que também responde a processos por seu papel no ataque de 6 de janeiro e por fraude eleitoral no estado da Geórgia entre outras acusações, respondeu: "Acho que vamos ter uma grande vitória e não haverá violência (...) Se não vencermos, você sabe, vai depender".
O republicano, que nunca reconheceu a vitória do adversário democrata em 2020, afirmou que, caso a Suprema Corte não lhe conceda imunidade presidencial, como ele pede, "Biden será processado por todos os seus crimes, porque ele cometeu vários crimes".