Campo de deslocados em Rafah, sul da Faixa de Gaza, em 26 de abril de 2024
MOHAMMED ABED
Campo de deslocados em Rafah, sul da Faixa de Gaza, em 26 de abril de 2024
Mohammed Abed

Palestinos choravam nesta sexta-feiras (26) pelas vítimas dos bombardeios mais recentes de Israel em Rafah, extremo sul da Faixa de Gaza onde 1,5 milhão de deslocados pelo conflito estão aglomerados e que Israel se prepara para invadir.

Grupos de direitos humanos alertam que uma invasão terrestre em Rafah agravaria as condições já catastróficas dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa. Mesmo antes de qualquer operação terrestre, a área é alvo de múltiplos bombardeios.

Abu Abdullah, habitante de Gaza, disse que "um ataque muito forte" atingiu uma casa onde deslocados estavam refugiados. "Já não podemos viver em nossas casas, em nossos bairros, nem caminham por lugar nenhum", afirmou.

No hospital Al Najjar, em Rafah, dois homens choravam diante de um corpo embalado em um saco branco.

O porta-voz do governo israelense, David Mencer, disse que o gabinete de guerra se reuniu na quinta-feira para estudar como "destruir os últimos batalhões do Hamas".

A imprensa israelense, citando autoridades que falaram sob anonimato, indicou que foi discutido um novo plano para um trégua e a libertação de reféns, antes da visita de uma delegação egípcia nesta sexta-feira.

Egito, Catar e Estados Unidos atuam como mediadores nas negociações indiretas que buscam um cessar-fogo e a libertação de reféns sequestrados pelo Hamas, até agora sem sucesso.

- Mísseis do Líbano -

A guerra em Gaza alimentou tensões entre Israel e grupos ou países aliados do Irã, inimigo de Israel.

O Exército israelense anunciou que um civil morreu durante a noite perto de sua fronteira norte devido a mísseis disparados do Líbano, onde destruiu infraestruturas do movimento islamista pró-iraniano Hezbollah.

O grupo xiita afirmou ter executado "uma emboscada complexa" contra um comboio israelense, durante a qual destruiu "dois veículos", sem dar mais detalhes.

O Exército israelense acrescentou que suas aeronaves "atacaram alvos pertencentes ao Hezbollah" nesta área.

Segundo a agência nacional de notícias libanesa, a área foi atingida por mais de 150 projéteis durante a noite, destruindo três casas e danificando mais de 35.

A guerra entre Israel e o Hamas eclodiu em 7 de outubro, quando comandos islamistas mataram 1.170 pessoas no sul de Israel, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.

No ataque, mais de 250 pessoas foram sequestradas, das quais 129 permanecem em cativeiro em Gaza. Israel estima que 34 delas morreram.

Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma operação militar que já deixou 34.262 mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território.

Após mais de seis meses de guerra, os habitantes de Gaza, cercados por forças israelenses, correm risco de fome, segundo a ONU.

Os Estados Unidos começaram a construir um porto em Gaza para facilitar a entrega de ajuda por mar, disse o porta-voz do Pentágono, Pat Ryder.

- "Acordo sobre a mesa" -

Segundo autoridades egípcias citadas pelo Wall Street Journal, Israel planeja transferir civis de Rafah para os arredores de Khan Yunis, onde prevê a instalação de tendas e centros de distribuição de alimentos.

Um encarregado político do Hamas, Ghazi Hamad, afirmou à AFP que a invasão de Rafah não permitirá a Israel obter "o que quer", ou seja, "eliminar o Hamas e resgatar" os reféns.

Os líderes de 18 países, incluindo Estados Unidos, França, Reino Unido, Brasil, Argentina, Espanha e Colômbia, manifestaram na quinta-feira seu apoio ao "acordo sobre a mesa" e pediram ao Hamas "a libertação imediata de todos os reféns".

Em Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu enfrenta uma forte pressão interna pela libertação dos reféns.

    AFP

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