O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump durante seu julgamento em Manhattan, em Nova York, no dia 25 de abril de 2024
Mark Peterson
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump durante seu julgamento em Manhattan, em Nova York, no dia 25 de abril de 2024
Mark Peterson

Donald Trump retornou, nesta quinta-feira (25), ao tribunal de Manhattan onde a acusação continuou o interrogatório ao editor de um tabloide que apoiou o magnata em sua campanha de 2016 com notícias positivas e enterrando as negativas.

A menos de sete meses da aguardada revanche contra o presidente democrata Joe Biden, o republicano é o primeiro ex-chefe do Executivo americano a se sentar no banco de réus, acusado de falsificar registros comerciais para ocultar o pagamento a uma ex-atriz pornô e comprar seu silêncio sobre um suposto caso extraconjugal antes das eleições de 2016.

No início da sessão, a Promotoria voltou a denunciar ao magistrado Juan Merchan que, apesar de sua ordem de proibi-lo de insultar pessoas relacionadas ao julgamento, o magnata continua ignorando a medida. Após uma audiência na manhã de terça-feira para discutir as repetidas violações, o juiz ainda não anunciou se o multará ou não.

David Pecker, editor do tabloide National Enquirer e primeira testemunha a depor, detalhou sua relação com o magnata republicano e a prática conhecida como "pegar e matar", que consiste em comprar notícias potencialmente prejudiciais para que não sejam divulgadas.

Foi assim com o pagamento à modelo da Playboy Karen McDougal, a quem o National Enquirer deu 150 mil dólares (789 mil reais na cotação atual) por uma história que ela tentava vender durante a campanha de 2016 sobre um caso extraconjugal que teve com o magnata e que nunca foi publicada.

"Compramos a história para que nenhum outro veículo a publicasse. Não queríamos que prejudicasse Trump ou atrapalhasse sua campanha", reconheceu o homem de 72 anos à Promotoria.

A acusação alega que que este acordo fazia parte de um plano mais amplo.

"As histórias sobre o sr. Trump", bem como as "histórias negativas sobre seus adversários (...) aumentam as vendas" do jornal e beneficiaram a campanha do magnata, reconheceu Pecker na terça-feira.

- "Acordo amigável" -

Em um "acordo amigável" com o então advogado de Trump, Michael Cohen — que também será uma das principais testemunhas da acusação —, o ex-editor do tabloide afirmou acreditar que seria reembolsado pela quantia que pagou para não publicar a história de McDougal.

"Não se preocupe, sou seu amigo. O chefe cuidará disso", garantiu Cohen à época.

Pecker, que disse conhecer Trump desde 1989, havia chegado a um "acordo amigável" em agosto de 2015 em um encontro na Trump Tower, em Manhattan, na qual estavam presentes o magnata, sua assistente pessoal Hope Nicks e Cohen.

Também afirmou que os leitores do National Enquirer "adoravam" Trump, que na época estrelava o programa de televisão de sucesso "O Aprendiz" antes de entrar na política em 2015.

A imprensa sensacionalista foi imprescindível para cimentar sua popularidade, sobretudo em uma cidade onde era pouco apreciado.

Em plena campanha eleitoral para as eleições de 5 de novembro, o republicano aparece nas sessões cada vez mais irritado por ter sido obrigado a comparecer diariamente à antiga sala do tribunal e ouvir tanto a acusação como o depoimento da primeira testemunha.

Paralelamente, nesta quinta-feira, a Suprema Corte dos Estados Unidos começou a examinar se Trump dispõe de imunidade penal como ex-presidente por suas ações enquanto ocupava o cargo.

A decisão pode ter repercussões de grande alcance para o Poder Executivo, mas também para os numerosos processos judiciais abertos contra Trump, em especial pela tentativa de reverter o resultado das eleições de 2020 e pela gestão de documentos secretos quando ele deixou a Casa Branca.

    AFP

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