Israel bombardeou, nesta quinta-feira (25), vários pontos da Faixa de Gaza, incluindo a cidade de Rafah, no sul do território, onde o Exército se prepara para uma operação terrestre em sua guerra contra o Hamas, apesar das advertências dos Estados Unidos.
O movimento islamista palestino divulgou na quarta-feira um vídeo que mostra um dos reféns sequestrados durante o ataque de 7 de outubro do Hamas em 7 de outubro, que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza.
O Exército israelense informou que seus aviões atacaram na quarta-feira "30 alvos do Hamas" na Faixa de Gaza, em particular edifícios onde estavam armazenadas armas e "infraestruturas terroristas", eliminando assim vários combatentes do movimento islamista.
Um avião "eliminou uma célula de franco-atiradores" na área do campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, acrescenta um comunicado.
Testemunhas no norte do campo relataram confrontos entre as forças israelenses e combatentes palestinos.
Correspondentes da AFP e testemunhas também observaram bombardeios e ataques aéreos contra o bairro de Zeitoun, no sul da Cidade de Gaza, durante a noite.
A cidade de Rafah também foi alvo de ataques aéreos.
- Duas brigadas mobilizadas -
Muitas potências internacionais, incluindo Estados Unidos, estão preocupadas com os preparativos em curso para uma ofensiva terrestre em Rafah.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirma há semanas que esta cidade, situada no extremo sul do território palestino – que abriga 1,5 milhão de pessoas –, é o último reduto do Hamas.
"Israel avança para sua operação contra o Hamas em Rafah", disse o porta-voz do governo israelense, David Mencer.
"Duas brigadas de reservistas foram mobilizadas para operações em Gaza", acrescentou, antes de destacar que "quatro batalhões (do Hamas) que permanecem em Rafah" eram alvos do Exército.
Segundo fontes do governo egípcio citadas pelo Wall Street Journal, Israel prepara uma transferência dos civis de Rafah para a cidade de Khan Yunis, onde planeja instalar abrigos e centros de distribuição de alimentos.
A retirada dos civis deve demorar de duas a três semanas e aconteceria em coordenação com Estados Unidos, Egito e outros países árabes, como os Emirados Árabes Unidos, segundo as mesmas fontes.
A guerra começou em 7 de outubro com um ataque sem precedentes a partir de Gaza contra Israel: milicianos do Hamas assassinaram 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Mais de 250 pessoas foram sequestradas e 129 permanecem retidas em Gaza, incluindo 34 que morreram, segundo as autoridades de Israel.
Em represália, Israel prometeu aniquilar o Hamas, que governa Gaza desde 2007 e considerado um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
A vasta operação militar na Faixa de Gaza deixou 34.305 mortos, a maioria civis, segundo o Hamas.
- Reféns -
A Casa Branca exigiu na quarta-feira "respostas" das autoridades israelenses após a descoberta de valas comuns em dois hospitais da Faixa de Gaza, incluindo o Nasser, em Khan Yunis.
A Defesa Civil de Gaza afirmou que desde sábado exumou 340 cadáveres de pessoas mortas e enterradas pelas forças israelenses em valas comuns no hospital Nasser.
O Exército de Israel classificou as acusações como "infundadas", mas admitiu que desenterrou e voltou a enterrar vários cadáveres em uma busca por corpos de reféns.
Um dos objetivos declarados de Netanyahu na guerra de Gaza é trazer de volta os reféns, cujas famílias pressionam o governo para obter a libertação das vítimas.
Na quarta-feira, o Hamas transmitiu em seu canal do Telegram o vídeo de um refém sequestrado durante um festival de música eletrônica em 7 de outubro.
Hersh Goldberg Polin, de 23 anos, acusa o primeiro-ministro israelense e os membros do seu governo de terem "abandonado" os reféns.
Na quarta-feira à noite, dezenas de manifestantes protestaram em Jerusalém, diante da residência de Netanyahu, para exigir o retorno dos reféns.
Enquanto a Faixa de Gaza enfrenta uma situação humanitária dramática, com a população sob risco de fome, segundo a ONU, Joe Biden promulgou na quarta-feira uma lei que inclui ajuda para o território sitiado, com o apelo a Israel para garantir que o auxílio seja enviado "sem demora" aos palestinos.