Um polêmico político do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), Björn Höcke, está sendo julgado nesta quinta-feira (18) pelo uso de um slogan nazista, em um processo que ocorre antes das eleições regionais - nas quais sua formação espera por uma vitória.
Uma das figuras mais radicais da AfD e um líder do partido na região da Turíngia, Höcke é acusado de usar em duas ocasiões a frase "Alles für Deutschland" ("Tudo pela Alemanha"), slogan de um grupo paramilitar que desempenhou um papel crucial para a ascensão de Adolf Hitler ao poder.
Centenas de manifestantes segurando cartazes com frases como "AfD precisa ser detida" ou "Björn Höcke é um nazista" se reuniram em frente ao tribunal, escoltados pela polícia.
O processo, que deverá durar até meados de maio, começou quatro meses e meio antes das eleições na Turíngia, uma região da antiga Alemanha Oriental, onde seu partido lidera como favorito.
Se Höcke for condenado, enfrentará até três anos de prisão, o que poderia complicar sua candidatura.
"Se for condenado a uma pena e prisão de pelo menos seis meses, o tribunal poderia retirar seu direito de voto ativo e passivo", declarou a porta-voz do tribunal, Adina Kessler-Jensch, em referência ao seu direito de votar e de ser candidato.
O político está sendo processado por ter proferido em um discurso a frase "Tudo pela nossa pátria, tudo por Saxônia-Anhalt e tudo pela Alemanha", durante um comício no final de maio de 2021.
Em dezembro passado, durante um evento na Turíngia, Höcke disse as palavras "Tudo pela..." e depois incentivou o público a gritar "Alemanha", mas o tribunal decidiu abrir um procedimento separado para este ato.
Na Alemanha, pronunciar esse slogan, assim como fazer a saudação nazista ou exibir outros símbolos dessa ideologia, é ilegal.
Höcke, professor de História, afirma desconhecer que o slogan foi utilizado pelos nazistas, mas os promotores argumentam que ele usou suas palavras com pleno conhecimento de "suas origens e seu significado".
Durante a audiência desta quinta-feira, os advogados do político interromperam a audiência diversas vezes, recorrendo a vários procedimentos, incluindo um pedido de gravação do julgamento devido à sua "dimensão histórica", solicitação que foi rejeitada pelo tribunal.
Segundo a defesa, Höcke testemunhará no tribunal na próxima terça-feira (23).