Os alertas emitidos pela Defesa Civil se tornaram parte da rotina de muitas cidades brasileiras. Embora essas mensagens cheguem por SMS, aplicativos ou redes sociais, nem sempre a população sabe como interpretar corretamente o conteúdo — e, mais importante, como agir diante dele.
As maneiras de interpretar os alertas
Um alerta de atenção (amarelo) indica risco moderado e requer vigilância. Já o alerta de perigo (laranja) aponta para risco alto, enquanto o de grande perigo (vermelho) exige ação imediata.
Além da cor, é essencial ler com atenção o texto da mensagem e seguir as instruções recomendadas, que variam conforme o tipo de evento.
O que é um alerta da Defesa Civil?
Os alertas da Defesa Civil são comunicações oficiais que visam prevenir desastres naturais ou minimizar seus impactos . Eles são emitidos com base em dados meteorológicos, análises de risco e monitoramento de áreas vulneráveis. Podem estar relacionados a diferentes ameaças, como chuvas fortes, deslizamentos de terra, alagamentos, vendavais, secas ou calor extremo.
Para que os alertas cheguem de forma clara e eficiente à população, diferentes tecnologias de monitoramento são utilizadas. “São empregados dados de satélite, radares meteorológicos e, mais recentemente, sistemas de detecção de descargas atmosféricas” , explica Gil Correia Kempers Vieira, pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Desastres da UFF (NEPED-UFF), ao Portal iG .
Essas informações são cruzadas com dados de pluviômetros automáticos, permitindo validar a ocorrência da chuva prevista. “Com base nesses dados e nos protocolos locais, os alertas são emitidos” , acrescenta.
Alerta ou alarme? Entenda a diferença
É comum haver confusão entre os termos "alerta" e "alarme", mas eles têm funções distintas . “Os alertas são emitidos antes da ocorrência de desastres, com base no monitoramento climático. Já os alarmes são acionados quando os protocolos locais indicam a necessidade de evacuação”, esclarece o especialista.
Cada município tem autonomia para estabelecer sua própria escala de risco, que pode variar por cores ou nomenclaturas específicas.
Canais de comunicação e acesso à informação
Embora o SMS seja uma das principais ferramentas de comunicação de risco no Brasil, ele não é o único recurso . “Hoje o país já conta com o sistema cellbroadcast, que emite alertas baseados na localização do celular, sem necessidade de cadastro prévio” , explica Vieira.
Ainda assim, ele reforça que outras formas de comunicação são indispensáveis. “O uso de grupos de aplicativos, redes sociais e outros meios de comunicação são imperiosos para se chegar a uma parcela da população. Porém, outros meios de comunicação tais como radio e tv são ainda uma parcela da comunicação muito importantes e que devem ser utilizados para fazer a informação chegar a quem não utiliza redes sociais".
Como a população deve agir?
Quando um alerta é emitido, a resposta da população deve ser imediata — principalmente em regiões vulneráveis. Vieira destaca a importância das chamadas ações não estruturais, que incluem a preparação da comunidade para emergências.
“Um bom exemplo vem do Japão: a reunião familiar, onde se definem rotas de fuga e locais seguros. Assim, em caso de alerta, cada um sabe exatamente onde deve permanecer” , explica. “Uma criança que estuda em uma escola segura, por exemplo, ela deve permanecer na escola até que a ameaça reduza, no caso da chuva que ela passe ou diminua".
Critérios técnicos e confiabilidade das informações
Os alertas são emitidos com base em critérios técnicos e padrões internacionais, buscando garantir a antecedência mínima necessária para a resposta da população. “O ideal é o monitoramento emitir em média quatro horas antes da ocorrência um primeiro alerta", aponta Vieira.
No entanto, ele alerta para a disseminação de fake news durante períodos críticos. “Uma das estratégias mais importantes nestes momentos é a utilização de um porta-voz de um dos orgãos que estiver gerenciando o desastre repassando informações oficiais e fidedignas".
Histórico local e interpretação adequada
Cada região tem suas peculiaridades e, por isso, os protocolos precisam considerar o histórico de desastres naturais. “A série histórica é fundamental para o desenvolvimento de um protocolo local, principalmente, porque indica quais os índices que indicam as primeiras movimentações de massa em uma localidade" , explica o pesquisador.
Além disso, a linguagem dos alertas deve ser acessível. “É fundamental que os profissionais da comunicação atuem como ponte entre o conteúdo técnico e a população, adaptando a linguagem ao público-alvo” , afirma.
Diferenças entre áreas urbanas e rurais
A interpretação dos alertas pode variar de acordo com o contexto em que a população vive. “A comunicação deve ser adaptada tanto para zonas urbanas quanto rurais, considerando os meios de acesso e o grau de escolaridade” , diz o especialista.
Em áreas de maior vulnerabilidade, como comunidades em encostas ou beira de rios, é ainda mais crucial que os planos de contingência locais sejam amplamente divulgados .
Prevenção e cultura de segurança
Quando a Defesa Civil emite um alerta, o objetivo não é alarmar, mas garantir que a população esteja informada e pronta para agir . Ignorar essas mensagens em situações extremas pode colocar vidas em risco.
“Treinar a população é essencial para salvar vidas e isso faz parte da implementação de uma cultura de prevenção de desastres" , conclui Vieira.