
O verão europeu oficialmente começou neste sábado (21), com temperaturas alarmantes. Diversas regiões do continente enfrentam uma intensa onda de calor desde o início de junho, com destaque para a Espanha, onde os termômetros chegaram a ultrapassar os 45 °C em áreas do sul do país.
Segundo a Agência Estatal de Meteorologia da Espanha (AEMET), esta é uma das entradas de verão mais quentes já registradas.
As cidades de Sevilha, Córdoba e Badajoz estão entre as mais atingidas, com máximas históricas registradas nesta semana.
Em Madri e Valência, as temperaturas se mantêm acima dos 39 °C, mesmo durante a noite, provocando o fenômeno conhecido como “noites tropicais”, em que a mínima não baixa de 25 °C.
A situação já levou à emissão de alertas laranja e amarelo em 14 comunidades autônomas espanholas.
Perdas nas lavouras devido ao calor extremo
O calor excessivo afeta diretamente a saúde pública, com aumento de internações por exaustão térmica e desidratação, especialmente entre idosos e trabalhadores ao ar livre.
Agricultores também relatam perdas significativas em plantações de videiras, amêndoas e oliveiras, enquanto incêndios florestais já foram registrados em áreas secas da Catalunha e da Andaluzia.
"Este padrão não é mais uma anomalia. As ondas de calor estão se intensificando em frequência e duração, e isso exige adaptação urgente”, alerta Mercedes Mendoza, meteorologista do Centro Nacional de Clima da Espanha.
A Espanha não está sozinha
Diversos países europeus enfrentam temperaturas muito acima da média para junho: A França registrou até 38 °C em cidades do sul como Nîmes e Toulouse. Autoridades ativaram planos de contingência em escolas e hospitais.
A Itália tem enfrentado picos de 39 °C em regiões como Sicília e Lácio, com aumento no consumo de energia e risco elevado de queimadas.
Alemanha, Bélgica e Países Baixos ultrapassaram os 33 °C em plena primavera meteorológica, algo considerado raro até poucos anos atrás.
No Reino Unido, o Met Office emitiu alertas de calor nível âmbar, prevendo até 34 °C no leste da Inglaterra, uma marca incomum para o país.
Essa onda de calor tem origem em uma massa de ar quente vinda do Saara, que atravessa o Mediterrâneo e se espalha por quase toda a Europa ocidental.
O bloqueio atmosférico no Atlântico contribui para a estagnação dessa bolha quente sobre o continente, agravando os efeitos e dificultando o alívio.
Junho de 2025 deve ser um dos mais quentes já registrados na Europa
O padrão preocupa cientistas do clima, que veem o fenômeno como mais uma evidência da aceleração da crise climática.
Estudos indicam que, sem medidas de adaptação e redução de emissões, verões com 40 °C se tornarão comuns em grande parte da Europa, incluindo países que historicamente tinham climas mais amenos, como Alemanha e Reino Unido.
Em resposta, governos locais têm ampliado campanhas públicas para prevenção de doenças relacionadas ao calor, aberto centros de refrigério para populações vulneráveis e reforçado o monitoramento da rede elétrica e hídrica.
Recomendações para a população:
Evite atividades ao ar livre entre 12h e 18h;
Hidrate-se regularmente, mesmo sem sentir sede;
Use roupas leves e proteção solar;
Verifique o bem-estar de idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas;
Reduza o uso de aparelhos elétricos durante os horários de pico.
Com dois meses de verão ainda pela frente, especialistas alertam: este pode ser mais um marco climático no continente.
A Europa, especialmente o sul, enfrenta não só um calor escaldante, mas também a urgência de preparar cidades e populações para uma nova realidade térmica.