Bandeira do Reino Unido
Reprodução/Canva
Bandeira do Reino Unido




Uma família brasileira que vive legalmente no Reino Unido foi surpreendida por uma decisão do Ministério do Interior britânico que determinou o retorno de duas crianças, de apenas 11 e 8 anos, ao Brasil — sozinhas. A carta oficial, endereçada à família Serrano, afirma que os meninos Guilherme e Luca não têm direito de permanecer no país, mesmo que seus pais, Ana Luiza Cabral Gouveia, enfermeira do NHS, e Dr. Hugo Barbosa, professor na Universidade de Exeter, estejam com a situação regularizada.

A notícia gerou indignação e perplexidade nos pais, que moram no Reino Unido desde 2019. “Jamais imaginei que algo assim pudesse vir do Ministério do Interior” , disse Gouveia, em entrevista publicada pelo The Guardian. “Tenho orgulho de trabalhar para o NHS, pago meus impostos, cumpro todas as regras. E agora, recebo uma carta tratando meus filhos como infratores.”

Segundo o jornal britânico, Guilherme e Luca não falam português fluentemente e nunca frequentaram escolas no Brasil. A decisão oficial considera, no entanto, que eles poderiam retornar ao Brasil e continuar os estudos sem maiores prejuízos, sugerindo que poderiam até frequentar escolas de língua inglesa no país sul-americano. A argumentação do governo britânico reconhece que haveria uma “perturbação na vida familiar”, mas considera que isso seria proporcional ao “objetivo legítimo de controle da imigração”.

O caso se complicou após o divórcio dos pais. Ana Luiza e Hugo chegaram juntos ao país como dependentes de um visto profissional. Após a separação, em 2022, Gouveia conseguiu um visto próprio como trabalhadora qualificada, mas ainda não completou o período mínimo de cinco anos para solicitar residência permanente.


Já Barbosa obteve o direito de permanecer no Reino Unido de forma indefinida em 2024. Como ambos compartilham a guarda das crianças de forma equitativa, as regras de imigração impedem que apenas um dos pais seja usado como base para manter os filhos no país, a menos que haja custódia exclusiva — o que não ocorre neste caso.

“A sensação é de que o sistema está penalizando pais divorciados” , declarou Barbosa, também ao The Guardian. “ Estão propondo expulsar duas crianças que cresceram aqui, que estão bem integradas e felizes, causando impacto emocional profundo. Já percebo neles sinais de ansiedade.”

A carta enviada ao filho mais velho, Guilherme, alerta que permanecer ilegalmente no Reino Unido pode resultar em prisão, processos judiciais e até impossibilidade de alugar imóveis ou obter carteira de motorista no futuro. Apesar da pouca idade, o garoto foi tratado como se tivesse plena consciência legal de sua situação imigratória.

As autoridades britânicas ainda não comentaram oficialmente o caso. Enquanto isso, a família segue em apelo e busca apoio legal para evitar a deportação das crianças. 

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