Cérebro compensa perda de membros.
Robina Weermeijer
Cérebro compensa perda de membros.


Uma equipe internacional, liderada pela pesquisadora Guillermina López Bendito do Instituto de Neurociências (resultado da parceria entre o CSIC e a Universidade Miguel Hernández, em Elche, Espanha), que o cérebro em desenvolvimento pode reorganizar seus mapas sensoriais quando parte dos estímulos táteis está ausente desde o nascimento.

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Os pesquisadores conduziram experimentos com ratos que nasceram sem os bigodes principais, fundamentais para eles assim como as mãos são para os humanos, para entender os mecanismos adaptativos do córtex somatossensorial.

Descobertas inovadoras na adaptação do cérebro

Os resultados deste estudo, publicados na revista Nature Communications, revelam que o cérebro não é estático.

Ao faltar o estímulo natural dos bigodes principais, a área cerebral responsável por essa sensação praticamente desaparece e, de maneira surpreendente, a região que processa os bigodes labiais – menores e mais numerosos – expande suas funções.

Essa substituição é viabilizada por modificações no perfil genético de uma área crucial chamada tálamo.


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Impacto dos resultados

Utilizando técnicas avançadas de análise genética e bioinformática, os pesquisadores identificaram que a região do tálamo, encarregada de repassar as informações sensoriais, adota um perfil semelhante ao dos bigodes principais quando estes estão ausentes.

Curiosamente, essa reorganização não depende da atividade neuronal, mas sim de alterações genéticas que ocorrem se a perda sensorial acontece antes do nascimento.

Nos testes comportamentais, ratinhos adultos que nasceram sem os bigodes principais conseguiram diferenciar superfícies ásperas e lisas apenas com os bigodes labiais, confirmando a eficácia funcional dessa reestruturação.

Perspectivas futuras

Além de ampliar o entendimento sobre a plasticidade cerebral, esse estudo oferece novas perspectivas para intervenções reabilitadoras em pacientes com malformações congênitas ou deficiência sensorial precoce.

Essa descoberta reforça o papel do tálamo como um centro integrador dos sentidos e pode inspirar o desenvolvimento de técnicas mais efetivas para restaurar ou adaptar as funções sensoriais e melhorar a qualidade de vida dos afetados.

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