Baminornis zhenghensis.
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Baminornis zhenghensis.


Cientistas do Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia( IVPP) da China descobriram um fóssil de ave de 149 milhões de anos na província de Fujian, sudeste do país.

A espécie, batizada  Baminornis zhenghensis , tem o tamanho de uma codorna e apresenta características anatômicas modernas, como estrutura óssea leve e cauda curta, que a diferenciam de outras aves primitivas.

O estudo, publicado na revista  Nature  em junho de 2024, revela que o animal viveu no final do período Jurássico, contemporâneo a dinossauros como o  Archaeopteryx  — descoberto na Alemanha em 1861 e até então considerado o único fóssil de ave da época.

A análise do  Baminornis  mostra que, ao contrário do  Archaeopteryx  (que possuía cauda longa e traços reptilianos), esta nova espécie tinha adaptações físicas mais próximas das aves modernas, incluindo uma estrutura capaz de sustentar um voo batido eficiente.

Até agora, registros de aves com cauda reduzida só eram conhecidos a partir do período Cretáceo Inferior, cerca de 20 milhões de anos depois.

A descoberta comprova que a diversificação morfológica das aves começou pelo menos 149 milhões de anos atrás, durante o Jurássico Superior.


Steve Brusatte, paleontólogo da Universidade de Edimburgo, descreveu o fóssil como uma "descoberta fundamental" em comentário na  Nature. Segundo ele, o  Baminornis  é uma evidência direta de que múltiplas linhagens de aves já coexistiam com dinossauros, ocupando nichos ecológicos distintos.

A distância geográfica entre os fósseis — o  Archaeopteryx  foi encontrado na Europa e o  Baminornis  na Ásia — reforça a hipótese de que a evolução das aves não foi linear, mas ocorreu em múltiplas regiões simultaneamente.

Edward Braun, biólogo da Universidade da Flórida especializado em evolução de aves, afirmou ao USA Today que a descoberta "reconfigura a linha do tempo da diversificação das aves". "Isso indica que traços modernos surgiram muito antes do que os registros fósseis anteriores sugeriam", explicou.

O fóssil foi encontrado em 2023 durante trabalhos de campo em Fujian, região que já rendeu mais de 100 fósseis de vertebrados.

A pesquisa não apenas preenche uma lacuna na história evolutiva, mas também levanta novas questões: quantas espécies de aves primitivas existiam no Jurássico? E como essas linhagens influenciaram a sobrevivência das aves após a extinção dos dinossauros?

A equipe do IVPP planeja escavar novos sítios na região para buscar respostas. Enquanto isso, o  Baminornis  já se tornou um marco para estudos paleontológicos, provando que o céu do Jurássico era mais complexo — e moderno — do que se imaginava.

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