Os ataques de Israel ao Líbano continuam a devastar o país e, até o momento, quase 800 pessoas já perderam a vida, incluindo pelo menos cinco brasileiros. Entre os casos dramáticos está o de Raquel Chanarek Hamia , que viu sua vida mudar drasticamente após um ataque aéreo que tirou a vida de seu marido, suas duas filhas e seu neto .
"Não sei nem o que dizer. Estou muito, muito mal. Todos morreram: meu neto, minhas duas filhas, meu marido”, desabafa Raquel, que agora enfrenta uma dor imensurável e está hospitalizada na cidade de Balbeque, com fraturas nas pernas. No ataque, que ocorreu no Vale de Beeca, a casa de Raquel foi atingida por um míssil, deixando a mulher entre os escombros e levando os entes que ela mais amava.
O marido de Raquel, Duraid, e suas filhas, Latifa e Ghazale, eram cidadãos brasileiros, e a família estava em processo de obter a cidadania para o neto, Husni, que também faleceu no ataque. Desde a tragédia, Raquel, além de lidar com as perdas, tem lutado para sobreviver e clama por ajuda. "Depois do hospital, estamos na rua. Eu não tenho mais condições de sobreviver assim”, lamenta, fazendo um apelo para que o governo brasileiro garanta um lugar seguro para os cidadãos brasileiros no Líbano.
Raquel e sua irmã Leila, também sobrevivente do ataque, são filhas de imigrantes libaneses que se estabeleceram em São Paulo. As irmãs se mudaram para o Líbano na juventude, mas nos últimos anos vinham tentando acessar os bens deixados no Brasil para garantir uma vida melhor às suas famílias, longe da violência que as cerca. "Queríamos garantir um futuro bom para eles viverem uma vida diferente dessa vida aqui. Não viram nada da vida, só guerras e bombas o tempo todo”, conta Leila.
No entanto, os esforços para fugir do caos chegaram tarde demais. Apenas sete dias antes da tragédia, Raquel fez um pedido à Justiça brasileira solicitando "prioridade na tramitação" de um caso envolvendo os bens da família, alegando que sua vida e a de seus parentes estavam em risco. Mesmo assim, o ataque veio antes de qualquer decisão.
O sofrimento causado pela perda de suas filhas e neto é insuportável para Raquel, que agora conta apenas com os três netos que sobreviveram e estão abrigados em uma instalação temporária. "O que pode sobrar de bonito nessa vida se ela foi embora?", questiona uma das netas que sobreviveu ao ataque.
Enquanto isso, o Itamaraty, em mensagem enviada ao programa 'Fantástico', da TV Globo, informou que a embaixada brasileira em Beirute está em contato com as autoridades libanesas, mas ainda não havia conseguido confirmar oficialmente as mortes até o último domingo (29). Além disso, a embaixada ofereceu uma lista de abrigos e apoio financeiro, no âmbito da assistência consular, para cobrir gastos com remédios e curativos.