Na manhã desta quinta-feira (8), a Polícia Federal deflagrou a operação Tempus Veritatis, para investigar a tentativa de golpe de Estado. Entre os 33 alvos identificados está Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor presidencial da Presidência, conhecido por sua proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A corporação cumpre 33 mandados de busca e apreensão, 4 mandados de prisão preventiva e 48 medidas alternativas.
Tércio foi encontrado na residência da família em Mambucaba, em Angra dos Reis, no momento em que as autoridades policiais cumpriram as ordens judiciais. No entanto, em decorrência da determinação de Alexandre de Moraes que proíbe qualquer contato entre os investigados, o ex-assessor presidencial foi obrigado a deixar o local e retornar à Brasília.
Durante a gestão Bolsonaro , Tércio ocupava o cargo de assessor especial da Presidência da República, recebendo um salário bruto mensal de R$ 13.623,39. Ele ganhou destaque ao ser identificado como uma figura central no que foi denominado como "gabinete do ódio", grupo suspeito de disseminar conteúdo difamatório contra os opositores do ex-presidente.
Antes de ingressar na equipe ligada à família Bolsonaro nas redes sociais, Tercio tinha uma trajetória diferente. Ele trabalhava como recepcionista em um hotel e tem formação em biomedicina por uma faculdade em Campina Grande. Em 2017, entre os meses de abril e dezembro, ele oficialmente integrava o gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, recebendo um salário mensal de R$ 2,1 mil.
Posteriormente, em dezembro de 2017, foi nomeado para o gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, recebendo um salário de R$ 3,6 mil. Apesar de estar empregado no legislativo carioca, Tércio manteve sua proximidade com Bolsonaro.
Em julho de 2020, já como assessor especial da Presidência, Tércio foi identificado pelo Facebook como um dos administradores de contas falsas utilizadas para lançar ataques contra opositores de Bolsonaro.
O que se sabe sobre a Operação Tempus Veritatis
Veja quem são os alvos de ordem de prisão pela PF:
Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro;
Marcelo Câmara , coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército;
Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército, que está nos Estados Unidos, portanto, ainda não foi detido.
Os alvos de busca e apreensão e medidas cautelares são:
Jair Bolsonaro - alvo de medidas alternativas, como a entrega de passaporte em 24 horas e a proibição de se comunicar com outros investigados da operação.
Valdemar Costa Neto - presidente do PL, partido de Bolsonaro. Foi preso em flagrante por porte de arma.
Anderson Torres - ex-ministro da Justiça;
Walter Braga Netto - ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro no pleito de 2022;
Augusto Heleno - ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
General Paulo Sérgio Nogueira - ex-comandante do Exército;
Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha;
Tércio Arnaud Thomaz - ex-assessor de Bolsonaro;
General Stevan Teófilo Gaspar de Oliveira - ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
Amauri Feres Saad - advogado que seria o "mentor intelectual" da minuta do golpe encontrada na casa de Anderson Torres;
Angelo Martins Denicoli - major da reserva do Exército;
Cleverson Ney Magalhães - coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
Eder Lindsay Magalhães Balbino - empresário que teria montado um dossiê falso que indicava fraude nas urnas eletrônicas;
Guilherme Marques Almeida - coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
Hélio Ferreira Lima - tenente-coronel do Exército
José Eduardo de Oliveira e Silva - padre da diocese de Osasco;
Mario Fernandes - comandante que ocupou cargos na Secretaria-Geral;
Ronald Ferreira de Araújo Júnior - oficial do Exército;
Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros - major do Exército;
Laércio Virgílio.
Segundo a PF, a operação acontece no Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. A ação foi expedida pelo Supremo Tribunal Federal.
Ainda, o advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, Fábio Wajngarten, afirmou que seu cliente vai entregar o passaporte para a Polícia Federal .