A ministra da Saúde, Nisia Trindade, esteve na capital de Roraima, em Boa Vista, na coletiva que o presidente Lula deu na manhã deste sábado (21) para tratar da crise na reserva indígena Yanomami, que é a maior do país e registra casos de crianças com quadro grave de desnutrição e malária, além de mortes por consequência do garimpo ilegal.
"[A Pasta da] Saúde está determinada a resolver as emergências", afirmou a ministra Nísia Trindade durante a coletiva que também contou com a presença da ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara, além de outras lideranças indígenas.
A ministra da Saúde também se manifestou nas redes sociais e considerou que a situação "é grave" no território Yanomami.
"O Ministério da Saúde registrou três óbitos de crianças entre 24 e 27/12, e 11.530 casos de malária no último ano. Diante disso, embarcamos para Roraima, em comitiva com o presidente Lula e a ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara", escreveu Trindade que também anunciou que a Pasta que comanda declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin).
"Para enfrentarmos a desassistência sanitária dos povos que vivem nessa que é a maior reserva indígena do país, declaramos Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) e instalamos um Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE)".
Para enfrentarmos a desassistência sanitária dos povos que vivem nessa que é a maior reserva indígena do país, declaramos Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) e instalamos um Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE). https://t.co/vvL4Da5Zc1
— Nísia Trindade Lima (@nisia_trindade) January 21, 2023
Na coletiva, o presidente Lula, quando perguntado sobre quais medidas o governo tomará para retirar os garimpeiros ilegais da reserva, afirmou que "não vai mais existir garimpo ilegal" na região.
"O que eu posso dizer para você é que não vai mais existir garimpo ilegal. E eu sei da dificuldade de se tirar o garimpo ilegal, já se tentou outras vezes, mas eles voltam. O que eu posso dizer é que nós vamos tirar", declarou.
O que diz o Ministério da Saúde
Segundo o Ministério da Saúde, é realizada uma missão com o objetivo de elaborar um diagnóstico sobre a crise sanitária no território. A ideia é oferecer serviços de saúde aos mais de 30,4 mil indígenas que vivem em comunidades da região.
"Nos últimos anos, a população Yanomami passou por desassistência e dificuldade de acesso aos atendimentos de saúde. Casos de desnutrição e insegurança alimentar, principalmente entre as mais de cinco mil crianças da região, foram registrados
Profissionais de saúde relatam falta de segurança e vulnerabilidade para continuar os atendimentos, dificultando ainda mais a assistência médica aos indígenas", disse a Pasta em comunicado oficial.
Dados do Ministério dos Povos Originários
Segundo o Ministério dos Povos Originários ao menos 99 crianças da comunidade indígena Yanomami já morreram devido o avanço do garimpo ilegal na região.
As mortes foram causadas, na maioria dos casos, por desnutrição, pneumonia e diarreia. As vítimas são crianças de um a quatro anos, e os dados são referentes ao ano de 2022.
Ainda de acordo com a Pasta há uma estimativa de que, ao menos, 570 crianças foram mortas pela contaminação por mercúrio, desnutrição e fome no território.
Além das mortes, em 2022 foram confirmados cerca de 11.530 casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, que estão distribuídos entre 37 Polos Base. As faixas etárias mais afetadas são de pessoas de 50 anos, seguido de jovens de 18 a 49 e crianças de 5 a 11 anos.
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