O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou, às 9h49, deste sábado em Boa Vista , capital de Roraima , para anunciar medidas de enfrentamento a crise sanitária na Saúde Yanomami na região. A reserva, que é a maior do país, registra casos de crianças com quadro grave de desnutrição e malária .
Na última sexta (20), a situação fez com que o Ministério da Saúde declarasse emergência de saúde pública em todo território.
Ao chegar na Base Aérea de Boa Vista , Lula e sua comitiva de ministros foram para a Casa de Saúde Indígena (Casai) Yanomami , na zona Rural da cidade. Ele foi recepcionado por indígenas que cantavam com a chegada do mandatário e carregavam cartazes com pedidos de ajuda, como "Vidas indígenas importam" e "fora garimpo".
Após a visita a Casai, o chefe do Executivo deve anunciar as ações emergenciais para a população indígena em uma comitiva em que estará acompanhado dos seguintes ministros:
- Wellington Dias (Desenvolvimento Social)
- Nísia Trindade (Saúde)
- Sônia Guajajara (Povos Indígenas)
- Flávio Dino (Justiça)
- José Múcio (Defesa)
- Silvio Almeida (Direitos Humanos)
- Márcio Macêdo (Secretaria-Geral)
- General Gonçalves Dias (Gabinete de Segurança Institucional)
- Comandante da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno
O que diz o Ministério da Saúde?
Segundo a pasta, está sendo realizada uma missão com o objetivo de elaborar um diagnóstico sobre a crise sanitária no território. A ideia é oferecer serviços de saúde aos mais de 30,4 mil indígenas que vivem em comunidades da região.
"Nos últimos anos, a população Yanomami passou por desassistência e dificuldade de acesso aos atendimentos de saúde. Casos de desnutrição e insegurança alimentar, principalmente entre as mais de 5 mil crianças da região, foram registrados", afirmou o Ministério da Saúde em nota.
"Profissionais de saúde relatam falta de segurança e vulnerabilidade para continuar os atendimentos, dificultando ainda mais a assistência médica aos indígenas", disse.
Um levantamento do Ministério dos Povos Indígenas divulgado nesta sexta-feira (20) aponta que ao menos 99 crianças do da comunidade indígena Yanomami já morreram devedo ao avanço do garimpo ilegal na região.
Segundo a apuração, as mortes foram causadas, na maioria dos casos, por desnutrição , pneumonia e diarreia. As vítimas são crianças de uma quatro anos, os dados são referentes ao 2022.
Ainda de acordo com a pasta, há uma estimativa de que, ao menos, 570 crianças foram mortas pela contaminação por mercúrio , desnutrição e fome no território.
Além das mortes, em 2022 foram confirmados cerca de 11.530 casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami , que estão distribuídos entre 37 Polos Base. As faixas etárias mais afetadas são de pessoas de 50 anos, seguido de jovens de 18 a 49 e crianças de 5 a 11 anos.
Atendimentos aos Yanomami
Equipes que atuam dentro da reserva usam o polo de Surucucu como base para atender os indígenas.
Atualmente o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, acompanha o trabalho. Ele também é responsável por inúmeras denúncias de descaso na saúde, na região.
“Vimos crianças convulsionando com desnutrição, trouxemos para Surucucu e, hoje, foram removidas para Boa Vista."
"Desde que chegamos aqui a equipe do Ministério da Saúde já enviou oito pacientes, crianças, em estado grave para Boa Vista”, afirmou Júnior.
Entre as comunidades atendidas pela unidade de saúde estão: Kataroa, Yaritopi e Xitei.
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