Leonardo Steiner é o primeiro cardeal da Amazônia nomeado pelo Papa Francisco
Divulgação/Arquidiocese de Manaus
Leonardo Steiner é o primeiro cardeal da Amazônia nomeado pelo Papa Francisco

Papa Francisco  nomeou, neste sábado, 20 novos cardeais, incluindo dois brasileiros, em mais uma etapa de sua lenta e constante reforma da cúpula da Igreja Católica , na tentativa de torná-la mais diversa e representativa, inclusive do ponto de vista geográfico, à medida que o Pontífice também prepara a sua sucessão.

Seguindo a tradição dos consistórios anteriores promovidos por Francisco, países que até então nunca tiveram um purpurado passaram a contar com um — caso do Paraguai, Timor Leste, Mongólia e Cingapura. Com a mudança, o colégio cardinalício terá 229 integrantes, dos quais 133 — com idade até 80 — têm direito de votar no conclave realizado na Capela Sistina para a escolha de um novo Papa.

Com a criação dos novos cardeais, Francisco inclui na lista de possíveis sucessores religiosos sensíveis aos problemas sociais, procedentes de regiões distantes, onde a Igreja é minoritária ou está em crescimento, a exemplo dos brasileiros Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia. Ele será o primeiro cardeal da Amazônia.

“Ao voltar sua atenção para a Amazônia, Papa Francisco quer que nossa Igreja seja mais samaritana, dinâmica e sinodal, assumindo a responsabilidade de evitar a destruição da terra”, disse Steiner ao site Vatican News.

Outro brasileiro elevado a cardeal é Paulo Cezar Costa , arcebispo de Brasília de 55 anos — jovem para o padrão do Vaticano — que ascendeu rápido na estrutura da Igreja em Roma, conforme nota o vaticanista brasileiro Filipe Domingues, vice-diretor do Lay Centre, instituição educacional católica baseada na cidade.

A cerimônia, iniciada às 16h na Basílica de São Pedro, no Vaticano (11h no Brasil), contou com a presença de religiosos de todo o mundo e provocou muitas especulações, em particular sobre o estado de saúde do Papa , de 85 anos, que passou por uma cirurgia no cólon em 2021 e sofre com dores no joelho direito que o impedem de caminhar e o obrigam a usar uma cadeira de rodas.

Dos 20 novos cardeais, 16 têm menos de 80 anos e, por isso, têm direito a voto em caso de conclave pela renúncia ou morte do Papa. Os novos cardeais "representam a Igreja de hoje, com uma forte presença do Hemisfério Sul, onde vivem 80% dos católicos", destacou o vaticanista Bernard Lecomte.

Esta é uma ocasião particular, oficialmente dedicada à reforma da Constituição Pontifícia, aprovada em março e em vigor desde 5 de junho, que para muitos é uma espécie de pré-conclave, durante o qual será feito um balanço da situação da Igreja após quase 10 anos de liderança do papa latino-americano.

Em quase dez anos de papado, Francisco realizou oito consistórios e designou 83 cardeais do total atual de 133 eleitores , quase dois terços do grupo. Um número determinante em caso de eleição do Papa, que exige justamente maioria de dois terços.

Fiel a sua linha a favor de uma igreja mais social, menos europeia, próxima aos esquecidos, o Papa argentino selecionou quatro latino-americanos (além dois dois brasileiros, um paraguaio e um colombiano), dois africanos e cinco asiáticos, incluindo dois indianos, confirmando o avanço do continente na Igreja.

Entre as nomeações mais notáveis está a do americano Robert McElroy, arcebispo de San Diego , na Califórnia, considerado um progressista por suas posições sobre os católicos homossexuais e o direito ao aborto.

“Viemos dos quatro cantos do mundo para nos conhecermos”, assegurou McElroy.

Outra nomeação emblemática é a do missionário italiano Giorgio Marengo , que trabalha na Mongólia. Ele será o cardeal mais jovem do mundo , com apenas 48 anos.

“Com simplicidade e humildade, vim para ouvir pessoas com muito mais experiência do que eu”, disse Marengo, que considera a sua designação "um sinal de atenção para realidades que geralmente são consideradas minoritárias, porque as pessoas à margem estão no coração do Santo Padre.

Três futuros cardeais ocupam cargos na Cúria, o governo central da Igreja: o britânico Arthur Roche, o coreano Lazzaro You Heung-sik e o espanhol Fernando Vérgez Alzaga, presidente do governo do Estado da Cidade do Vaticano.

Inicialmente designado, o belga Lucas Van Looy , de 80 anos, arcebispo emérito de Ghent, pediu a dispensa do título devido às críticas de sua gestão ao escândalo de abusos sexuais por integrantes do clero.

A Europa continua sendo o continente com maior representação no Colégio Cardinalício com 40% dos representantes , à frente da América do Sul e da Ásia (16% cada), África (13%) e América do Norte (12%).

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