Álvaro Antonio, deputado federal PL - 04.08.2022
Álvaro Antonio, deputado federal
Álvaro Antonio, deputado federal PL - 04.08.2022

O presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou de fora do seu palanque em Minas Gerais o deputado federal e ex-ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio, seu principal aliado no estado durante as eleições de 2018. Pré-candidato ao Senado, ele foi preterido da chapa pelo deputado estadual Cleitinho Azedo, do PSC.

Além de ser filiado a um partido que integra a coligação do PL no estado, Cleitinho Azedo aparece à frente do ex-ministro nas pesquisas de intenção de voto. Nesse cenário, o PSC ficará com a vaga ao Senado e apoiará o candidato do PL ao governo mineiro, o senador Carlos Viana.


Bolsonaro acertou a formação de seu palanque durante uma reunião na terça-feira, sem a presença de Álvaro Antônio. Compareceram ao encontro o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e os dirigentes estaduais do União Brasil e Republicanos de Minas, Marcelo Freitas e Gilberto Abramo, respectivamente, assim como Viana e Bolsonaro.

Inicialmente, o plano era lançar dois candidatos ao Senado — Álvaro Antônio e o deputado estadual. Diferentes fatores, porém, culminaram na perda de espaço do ex-ministro. O GLOBO apurou que a decisão de rifar o ex-ministro foi tomada em consenso com o presidente.

Além de Azedo despontar como um nome mais competitivo e a sua candidatura consolidar o apoio do PSC, Bolsonaro se decepcionou com a atuação do antigo aliado. Ele havia sido encarregado de costurar uma aliança com o governador de Minas e candidato à reeleição, Romeu Zema (Novo), o nome preferido do presidente na disputa local. Zema, contudo, não quis associar sua imagem à do presidente, e Bolsonaro se viu obrigado a lançar Viana ao Palácio da Liberdade.

Além disso, se optasse por Álvaro Antônio, Bolsonaro traria para mais perto de si o desgaste gerado pelos problemas do correligionário com a Justiça. Ele foi indiciado pela Polícia Federal no final de 2019, acusado de participar de um esquema de formação de candidaturas-laranja no PSL, sigla ao qual era filiado. O ex-ministro alega que foi alvo de perseguição e que nunca se tornou réu no processo. Diz ainda que jamais teve qualquer envolvimento com o suposto esquema.

Após ser informado de que havia sido preterido, Álvaro Antônio divulgou uma nota afirmando que decidirá seu futuro político até sexta-feira, quando deve se reunir com Bolsonaro.

"Creio que neste momento precisamos de união acima de tudo, com um único propósito: reeleger o nosso Presidente, Jair Bolsonaro. Desejo sucesso aos pré-candidatos Carlos Viana e Cleitinho, que irão representar o nosso projeto na disputa", dizia o texto.

Bolsonaro e Álvaro Antonio se aproximaram quando ambos eram deputados federais. Em 2018, o ex-ministro era presidente do PSL de Minas e foi o principal articulador da campanha de Bolsonaro no estado. Nos dois turnos daquela eleição, o presidente recebeu a maioria dos votos dos mineiros — na primeira rodada da votação, teve mais de 48%, e na segunda, 58%. Nas duas, ficou bem à frente do segundo colocado na corrida, Fernando Haddad (PT). Álvaro Antônio, por sua vez, foi o deputado federal mais votado do estado, com 230 mil votos.

O ex-ministro ganhou ainda mais espaço no dia em que Bolsonaro levou uma facada em Juiz de Fora (MG) durante um ato de campanha em 2018. Álvaro Antônio estava ao lado dele e foi um dos primeiros a socorrê-lo.

O episódio fez com que o presidente criasse por ele um sentimento de gratidão, que foi visto nos bastidores como um dos motivos para que o deputado não fosse demitido do ministério do Turismo, no primeiro ano de governo, quando surgiram as denúncias do envolvimento dele em um suposto esquema de candidaturas de fachada no PSL.

A queda do ministro só aconteceu um ano depois, em dezembro de 2020, após atritos com Luiz Eduardo Ramos, na época chefe da Secretaria de Governo e responsável pela articulação política do Planalto.

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