O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirma que a aliança entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) "pode não ser boa" para este último. "Para o ex-presidente Lula, foi muito boa uma aliança com o Geraldo Alckmin. Eu não sei se foi bom para o Alckmin, porque você sabe que vão estourar, como estão estourando, outros embates eleitorais que tiveram com palavras, digamos assim, bastante agressivas em relação aos candidatos", disse Temer.
Temer fez suas falas durante a 8ª edição da Brazil Conference , em Boston (EUA), apoiada pelas universidades Harvard e MIT. Por outro lado, Michel disse que, "na democracia, houve essa possibilidade de aliança entre pessoas que em dado momento estiveram em campos opostos. Juridicamente não há violação ao estado democrático de direito. Eu acho que essa história de que o Geraldo Alckmin possa ser igual a mim, por mim, aqui toda a modéstia de lado, se for igual a mim, acho que o Lula vai ter uma grande vantagem", afirma.
O político ainda criticou o plano petista de propor a revogação das reformas trabalhista e previdenciária feitas em seu governo. "Quando vejo dizer que vão revogar a reforma trabalhista, eu digo: muito bem, vão tirar direitos dados pela reforma aos trabalhadores", afirmou.
Além do mais, comenta sobre o que acredita que contribuiria para avanços na reforma. “O trabalho intermitente, que não tinha proteção trabalhista, passou a tê-lo, por exemplo". Por outro lado, defendeu uma atualização. "De repente, você faz um acréscimo dizendo que agora precisamos proteger esse tipo de trabalho; isso, ao longo do tempo, vai necessariamente acontecendo". O tema é debatido internamente pelo PT.
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Como se não bastasse, Temer defendeu que o país realize reformas administrativas e tributárias, bem como pregou a mudança do sistema político para o semipresidencialismo. Segundo ele, o modelo poderia trazer mais estabilidade ao país, que passou por dois processos de impeachment desde a Constituição de 1988, além de acumular 396 pedidos de afastamento de presidentes ao longo de três décadas.
"Não haverá trauma institucional. Você sabe que o governo só existirá enquanto houver maioria parlamentar. Segundo é que se não houver, cai o governo, e se instala uma outra maioria parlamentar que vai nascer com o novo tempo. Sem os traumas institucionais do presidencialismo", disse.
Michel afirma que uma terceira opção além de Lula e Bolsonaro seria uma "homenagem ao eleitor". Assim, aproveitou para defender a candidata Simone Tebet (MDB). "O eleitorado pode achar que um dos pólos pode ser eleito. Muito bem, e se eleitos forem, assume o mandato e cumpre o mandato. Mas ele deve ter a possibilidade de não querer nenhum dos polos e tem direito a ter uma outra opção. A ideia de mais de uma via seria importante”, diz.