Com uma crise econômica que já dura décadas e com o Talibã de volta ao poder após quase 20 anos, o Afeganistão vive uma situação caótica e a escassez de meios de sobrevivência tem levado pais e mães a venderem os próprios filhos para pagar dívidas.
Em entrevista ao Deutsche Welle, Mohammad Ibrahim, um residente de Cabul, apontou que aceitou negociar a filha de 7 anos para que a família não tivesse a casa queimada. "O homem era uma pessoa rica. E eu não tinha outra opção e aceitei oferecê-la em troca de 65.000 afeganes (em torno de 620 euros, ou quase R$ 4.000)", afirmou.
Já na província de Badghis, que vive uma seca prolongada, Najeeba, uma jovem que vive em um acampamento, foi trocada por sua família por 50.000 afeganes.
"Faz muito frio durante a noite, e não temos nada para aquecer nossas casas. Queremos que as ONGs nos ajudem. Ainda sou uma menina. Eu tenho dois irmãos, uma irmã e uma mãe. Eu não quero me casar. Eu quero estudar e ser educada", relatou Najeeba.
Dados da Unicef apontam que, em 2020, quase metade da população do Afeganistão era tão pobre que lhes faltavam necessidades como nutrição básica ou água limpa.