Renan Calheiros acusa Bolsonaro de usar PF para retaliar adversários políticos

Em entrevista ao Estadão, relator da CPI da Covid afirmou que tentará recorrer do indiciamento por suspeita de propina

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Renan Calheiros foi denunciado por suspeita de receber propina da Odebrecht

O senador e relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL) , acusou o presidente Jair Bolsonaro de usar a Polícia Federal (PF) para retaliar políticos que atuam contra o governo federal . A declaração foi dada em entrevista ao jornalista Fausto Macedo, do Estadão .

Neste sábado (03), Calheiros foi indiciado pela PF por suspeita de pedir propina à Odebrecht para pauta um projeto de interesse da empreiteira quando era presidente do Senado . Sobre a denúncia, o senador afirmou que recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF)

“Isso é abuso de autoridade. Com relação ao mérito, o diretor [da PF] me isentou completamente. Não tem nada a ver, não tem prova, é só retaliação”, disse Calheiros ao jornal. 

"O governo vinha acenando com o uso da Polícia. O ministro da Justiça deu declarações insinuando que iria utilizar a PF como polícia política", concluiu. 

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, solicitou que à Polícia Federal informações sobre as investigações contra governadores. A pasta ainda é palco de acusações de usar a PF para investigar adversários de Bolsonaro, usando a Lei de Segurança Nacional implementada no Regime Militar. 

Para Calheiros, a atuação dele na CPI da Covid e as acusações contra o Palácio do Planalto fizeram com que a PF agilizasse o indiciamento. A investigação, segundo o senador, perdura há pelo menos quatro anos. 

No entanto, a abertura de inquérito contra o parlamentar deverá passar pelo STF. A PF acusa Renan Calheiros de ter recebido pelo menos R$ 1 milhão da Odebrecht e diz ter "materiais suficientes" para o indiciamento.